Resultados e Desempenho da Gestão Acadêmica
O ensino de graduação na UFMG passou por significativas mudanças, especialmente na última década. Em 2009, a Universidade implantou a política de bônus para candidatos oriundos de escola pública, dando início ao ciclo de ações afirmativas que revolucionou o perfil socioeconômico de seus ingressantes. No mesmo ano começou a disponibilizar as vagas iniciais dos novos 31 cursos (ou turnos de funcionamento) criados no âmbito do programa Reuni. Para compreender o significado de tal expansão destaca-se que, da fundação da Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais em 1892, até a reforma universitária em 1966, a UFMG gradualmente abriu 33 cursos de graduação.
O processo seletivo para ingresso na graduação na UFMG, que se manteve essencialmente o mesmo desde a reforma universitária do final dos anos 1960, passou por muitas mudanças no último decênio: política de bônus em 2009; substituição da primeira etapa do tradicional Vestibular pelo Enem em 2011; gradual aplicação da reserva de vagas, prevista pela Lei Federal 12.711, a partir de 2013 até atingir a reserva de 50% para candidatos que cursaram todo Ensino Médio em escola pública em 2016; adesão integral ao SiSU em 2014 em substituição ao Vestibular próprio; e inclusão de categorias de reserva de vagas para pessoas com deficiência em 2018.
A Universidade ampliou o número de vagas iniciais para cursos de graduação conjuntamente à implantação das políticas de ações afirmativas. Em 2000, eram ofertadas 4.167 vagas anuais em cursos presenciais de graduação, distribuídas em 52 opções de ingresso. Desde 2012, vêm sendo ofertadas 6.740 vagas, caracterizando um aumento de 62% no número de vagas. Vale destacar que 69% das novas vagas disponibilizadas a partir de 2009 referem-se a cursos cujo turno de oferta é noturno. Hoje, cerca de 35% das vagas anualmente ofertadas nos 91 cursos presenciais correspondem ao turno noturno. Dos 91 cursos, 72 são bacharelados, 18 Licenciaturas e 1 Superior de Tecnologia.
O processo de expansão do número de vagas na graduação fez com que a UFMG passasse de cerca de 22.000 estudantes matriculados na graduação em 2001 para mais de 34.000 em 2019. O número anual de egressos, no mesmo período, aumentou de cerca de 3.600 por ano para uma média anual acima de 4.800 nos últimos cinco anos.
Ensino de Qualidade e Inovador na Graduação
Há mais de 20 anos a UFMG estabeleceu como uma de suas prioridades institucionais a busca pela inovação no ensino de graduação que passou a incluir a flexibilização das estruturas curriculares, na busca de modelos capazes de atender à crescente diversidade de demandas da sociedade. Assim, pouco mais de um ano após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ter extinguido a antiga concepção de que os currículos fossem constituídos exclusivamente por disciplinas organizadas de maneira convencional, a UFMG passou a prever, ainda em 1998, a possibilidade de que os currículos passassem a incluir atividades tais como: a participação em projetos de pesquisa ou de extensão, a participação em eventos, a monitoria, dentre outras. Alguns anos depois o Conselho Nacional de Educação passou a recomendar, e em alguns casos até a exigir, que atividades desses tipos passassem a fazer parte dos currículos dos cursos
Neste momento, a UFMG prevê que os currículos incorporem atividades variadas.
Ao longo dos anos, o conjunto de normas internas à UFMG referentes à organização dos currículos de graduação veio sendo adaptado, sempre visando a uma maior plasticidade, com o acréscimo de novas possibilidades de formatação. Em fevereiro de 2018 ocorreu uma consolidação dos aperfeiçoamentos normativos que foram produzidos ao longo do tempo, com a aprovação das novas Normas Gerais de Graduação. Os currículos de todos os cursos devem prever um Núcleo Específico, um Núcleo Complementar, um Núcleo Avançado e um Núcleo Geral.
Diagrama geral da estrutura que todos os currículos de graduação da UFMG devem seguir, de acordo com as novas Normas:
O Núcleo Específico aproximadamente corresponde à parte tradicional do currículo, contendo as atividades características daquele curso. O Núcleo Geral inclui atividades de todas as áreas do conhecimento que sejam oferecidas para colocar em discussão temas emergentes de interesse geral. Esse grupo de atividades cumpre a função de formar uma compreensão abrangente do estudante sobre as principais questões e desafios que se colocam para o país e a humanidade. O Núcleo Avançado é constituído de disciplinas de pós-graduação de um curso afim ao curso. Os estudantes têm ainda a oportunidade de substituir disciplinas do final do curso por essas disciplinas de pós-graduação, assim tendo acesso a uma formação mais aprofundada. Por fim, o Núcleo Complementar é constituído de grupos de atividades articuladas entre si, que permitem a aquisição de habilidades e competências em campos do conhecimento não originalmente inclusos na área do curso.
Devem-se destacar as diferentes possibilidades de organização do Núcleo Complementar. Este pode ser formatado por atividades como um conjunto de disciplinas de um curso, cobrindo um tema específico, que são disponibilizadas para estudantes de outros cursos, o que resulta em perfis profissionais com capacidade expandida. É possível, ainda, para estudantes de qualquer curso da UFMG, cursar um ano em outra instituição – o que frequentemente ocorre em instituições estrangeiras.
Existe ainda um conjunto de “mini-currículos” que abordam temáticas inter-disciplinares, não pertencentes a nenhum curso específico. Essas são as chamadas Formações Transversais, oferecidas pela UFMG para todos os cursos.
Atualmente, estão em funcionamento nove Formações Transversais. Desde sua criação, mais de cinco mil estudantes da UFMG já cursaram atividades acadêmicas curriculares nessas Formações. A experiência até aqui acumulada tem mostrado que as Formações Transversais constituem importante mecanismo para a introdução de inovações no ensino de graduação, apresentando temáticas transdisciplinares de grande relevância que dificilmente seriam abordadas nos currículos tradicionais.
A multiplicidade de fórmulas pedagógicas possibilitadas pelas Normas Gerais de Graduação se propaga por todo o currículo: tanto o núcleo específico quanto o núcleo complementar dos currículos podem aplicar todas as modalidades de atividades acadêmicas curriculares previstas. Podem, portanto, incluir atividades nas modalidades de projetos (de ensino, pesquisa ou extensão), programas (de monitoria, participação em empresas juniores, ações de extensão ou outros), estágios e eventos, além das tradicionais “disciplinas”. O núcleo geral, por sua vez, pode também prever quase todos esses tipos de atividades, com exceção dos estágios.
Ao longo dos anos em que a UFMG veio avançando na criação de estruturas curriculares mais flexíveis, muitos dos estudantes que passaram pela instituição aproveitaram a oportunidade de uma formação inovadora, tendo a instituição contribuído para oferecer à sociedade profissionais altamente capacitados, com perfil completamente diferenciado, prontos para atender as demandas de uma sociedade de crescente complexidade.
Formação em Extensão Universitária
A Formação em Extensão Universitária visa incluir, nos cursos de graduação, conteúdos relacionados às realidades regionais do país, em suas dimensões sociais, culturais, ambientais e econômicas, cumprindo as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira, que estabelece que 10% dos créditos exigidos para a integralização de cursos de graduação deverão ser obtidos por meio da participação dos alunos em programas ou projetos de extensão universitária.
As atividades de extensão são organizadas de maneira a se integrarem aos currículos de graduação facilitando o cômputo de créditos. Na UFMG, a formação existe desde 2015. Em 2019, novas diretrizes curriculares para a integralização de atividades curriculares de Formação em Extensão Universitária nos cursos de graduação da UFMG foram aprovadas pelo Cepe. Mais informações estão no site da Pró-reitoria de Extensão.