Autoritarismo é tema de exposição do artista visual Riel no Centro Cultural
Sexta-feira, 13, às 19h, o Centro Cultural UFMG abre a exposição Insegurança Pública, do artista visual Riel. Com quinze obras (treze pinturas e duas esculturas), a mostra traz uma “arte política e engajada”, como destaca o release de divulgação, interessada em promover o debate sobre o autoritarismo militar brasileiro. A visitação é gratuita e aberta a todos os públicos maiores de 10 anos. A mostra pode ser visitada até 6 de julho.
"É evidente a relação entre o poder e os militares na história do Brasil, o que deixou um legado muito forte de autoritarismo e do emprego da força do Exército e da polícia nas relações entre o Estado e a sociedade brasileira", lembra o jornalista Pablo Pires Fernandes no release de divulgação da mostra. "E nessa sociedade, já marcada pelo racismo e pela discriminação social, os traços arraigados do autoritarismo se manifestam quase sempre por meio da violência. Não é difícil concluir que o fardo mais pesado recai sobre a população mais vulnerável: pretos, pobres, mulheres e grupos ditos ‘marginalizados’. Além, por suposto, de qualquer um que questione o status quo."
As treze telas expõem militares, da polícia ou do Exército, em situações de confronto ou em imagens marcantes de referência histórica. "A fusão temporal, em que alguns aspectos e personagens são obscurecidos, reforça a marca do autoritarismo, que persiste na política brasileira, mas também no dia a dia da população", demarca Pablo. "A denúncia de Riel retoma ícones do passado e os redimensiona: o cavalo de Deodoro da Fonseca, a imagem do índio carregado no pau de arara num desfile militar em Belo Horizonte durante a ditadura e a prisão de jovens em confronto com a polícia", destaca.
"Se as telas explicitam a violência, as duas esculturas que compõem a exposição fazem menções ao jogo de passado e presente de maneira sutil. ‘Ossadas’, composta de peças de barro cobertas de tinta negra, é uma referência ao Cemitério de Perus, na Zona Norte de São Paulo, onde mais de 1.000 vítimas da ditadura foram sepultadas clandestinamente pelo regime militar. A outra escultura, ‘Constituição’, é também uma denúncia sobre a Carta Magna brasileira, que sofre constantes ataques e tem sido descaracterizada por sucessivas violações, corte de direitos e conquistas de sua essência cidadã", destaca Pablo.
