CineClássico Quarentena: filmes iranianos compõem a programação de abril
O cinema feito por diretores do Irã tem contribuído para desfazer muitos estereótipos veiculados pela mídia ocidental sobre o país. Seus filmes, muitos deles premiados nos principais festivais do mundo, dão vazão à complexidade social do país, com seus conflitos, tradições religiosas rigorosas e esforços em direção à secularização.
Esse rico universo cultural é retratado na mostra Novo cinema iraniano, atração de abril da programação do Cineclássico Quarentena, do Centro Cultural UFMG. Alguns anos após a Revolução Islâmica de 1979, a produção cinematográfica no país ressurgiu dotada de acurada qualidade estética e humanística. Mas a forte censura do regime dos aiatolás levou à prisão ou ao exílio muitos cineastas, como Jafar Panahi, Bahman Ghobadi e Mohsen Makhmalbaf.
O chamado Novo cinema iraniano é pródigo em narrativas reflexivas, aparentemente simples, do cotidiano dos iranianos, obrigados a lidar com grandes dificuldades econômicas, sociais e culturais. As películas misturam documentário e ficção e se aproximam da realidade de maneira natural, despretensiosa e poética. As temáticas abordadas estão muitas vezes relacionadas a questões universais, como infância, juventude, morte, amor e amizade.
A programação do CineClássico Quarentena engloba obras representativas dos diretores Abbas Kiarostami, Asghar Farhadi, Ebrahim Foruzesh, Hana Makhmalbaf, Jafar Panahi, Majid Majidi, Mohsen Makhmalbaf e Samira Makhmalbaf. Os filmes podem ser encontrados nos links.
Gosto de cereja
Ta'm e guilass (título original). Drama, 1997, Irã/França. Direção de Abbas Kiarostami. 95’, livre.
O Sr. Badii (Homayoun Ershadi) viaja de carro pelos campos do Teerã em busca de alguém disposto a ajudá-lo em um plano que reflete toda a sua amargura e solidão.
A separação
Jodaeiye Nader az Simin (título original). Drama, 2011, Irã/França/Austrália. Direção de Asghar Farhadi. 123’, livre.
Após se divorciar de Simin (Leila Hatami), Nader (Payman Maadi) é obrigado a contratar uma jovem para tomar conta de seu pai idoso, que sofre de Alzheimer em estágio avançado, mas sua vida vira um inferno.
Tartarugas podem voar
Lakposhtha parvaz mikonand (título original). Drama, guerra, 2004, Irã/França/Iraque. Direção de Bahman Ghobadi. 98’, livre.
Em uma vila de curdos no Iraque, na região da fronteira entre o Irã e a Turquia, pouco antes do ataque americano contra o país, os moradores buscam desesperadamente uma antena parabólica para obter notícias via satélite.
O jarro
Khomreh (título original). Drama, 1992, Irã. Direção de Ebrahim Forouzesh. 86’, livre.
Numa aldeia iraniana no deserto, um grande problema tem início quando o jarro que serve para matar a sede dos alunos da escola local fica trincado. Para resolver o problema, a comunidade recorre à solidariedade.
E Buda desabou de vergonha
Buda as Sharm Foru Rikht (título original). Drama, guerra, 2007, Irã. Direção de Hana Makhmalbaf. 81', livre.
Nas ruínas das esculturas ancestrais de Bamiyan, vive uma população muçulmana. Bakhtay, uma garota de seis anos, sonha em ir à escola para aprender a ler e a escrever.
Táxi Teerã
Taxi (título original). Comédia, drama, 2015, Irã. Direção de Jafar Panahi. 82', livre.
Depois de ser preso e proibido pelo governo iraniano de fazer filmes, Jafar Panahi decide burlar as regras e filmar secretamente. Disfarçado de taxista, o diretor recebe moradores comuns de Teerã em seu carro e filma discussões sobre o cotidiano e a política do país. O filme ganhou o Urso de Ouro em Berlim.
Filhos do Paraíso
Bacheha-Ye aseman (título original). Drama, família, esporte, 1997, Irã. Direção de Majid Majidi. 89', livre.
Um menino perde os sapatos de sua irmã mais nova e, para resolver a situação, decide dividir com ela o seu único par.
O ciclista
Bicycleran (título original). Drama, 1989, Irã. Direção de Mohsen Makhmalbaf. 82', livre.
Nasim (Moharram Zaynalzadeh), um afegão que mora no Irã, precisa reunir a maior quantia possível de dinheiro para bancar o tratamento de sua esposa, que está gravemente enferma. Ele aceita ser um ciclista em um emprego peculiar que atrai a atenção das autoridades, que acreditam que ele é um espião estrangeiro.
A maçã
Sib (título original). Drama, 1998, Irã/França/Países Baixos. Direção de Samira Makhmalbaf. 86’, livre.
Duas garotas vivem trancadas em casa por seus pais, um homem desempregado e sua mulher cega, durante 12 anos. Os vizinhos chamam o serviço social para investigar a situação, e elas são obrigadas a lidar com o mundo exterior pela primeira vez.
Outros filmes iranianos para 'maratonar'
Através das oliveiras (Zire darakhatan zeyton). Drama, 1994, Irã/França. Direção de Abbas Kiarostami. 103’, livre.
Close up (Nema-ye Nazdik). Drama, 1990, Irã. Direção de Abbas Kiarostami. 98’, livre.
O apartamento (Forushande). Drama, 2016, Irã/França. Direção de Asghar Farhadi. 124’, livre.
O espelho (Ayneh). Drama, 1997, Irã. Direção de Jafar Panahi. 95', livre.
O círculo (Dayereh). Drama, 2000, Irã/Itália/Suíça. Direção de Jafar Panahi. 81', livre.
A cor do paraíso (Rang-e khoda). Drama, 1999, Irã. Direção de Majid Majidi. 90, livre.
O canto dos pardais (Avaze gonjeshk-ha). Drama, 2007, Irã. Direção de Majid Majidif. 96, livre.