Congressos colocam em discussão doenças tropicais e negligenciadas
A UFMG sedia, no período de 28 a 31 de julho, o 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que acontece junto ao Chagasleish 2019 e ao XXVI Congresso da Socciedade Brasileira de Parasitologia, todos dedicados ao compartilhamento de avanços e soluções para as principais doenças tropicais e negligenciadas que afetam o Brasil e as Américas.
Segundo os organizadores, os eventos devem reunir cerca de quatro mil profissionais e estudantes de instituições brasileiras e internacionais das áreas de infectologia, epidemiologia, farmácia, biomedicina, biologia, laboratórios clínicos, vigilância epidemiológica, gestão e políticas de saúde;
A programação, inscrições e outras informações estão disponíveis no site do evento.
Doenças negligenciadas
Como explica o professor Ricardo Toshio Fujiwara, do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), um dos presidentes da comissão organizadora, trata-se do maior evento mundial sobre doenças tropicais classificadas como negligenciadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “O combate a patologias como a leishmaniose e a doença de Chagas normalmente recebe menor investimento em comparação, por exemplo, a ações contra o HIV e a tuberculose”, explica Fujiwara.
E no caso brasileiro, afirma o professor, as políticas de prevenção e controle das doenças tropicais são de iniciativa exclusiva do poder público – uma desvantagem em relação ao que ocorre em muitos países desenvolvidos, onde empresas privadas costumam investir nessa atividade.
De acordo com a professora Rosália Morais Torres, da Faculdade de Medicina, que também preside a comissão, as doenças tropicais negligenciadas afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, especialmente populações vulneráveis, com escassos recursos financeiros e acesso limitado aos serviços de saúde. "Muitas vezes de baixo nível econômico e cultural, essas populações não têm voz, e seu sofrimento é vivido em silêncio. Por não gerarem renda significativa, não despertam o interesse da indústria farmacêutica e não têm acesso ao sistema político-financeiro de seus países", explica.
Entre as 21 doenças consideradas negligenciadas pela OMS, causadas por agentes infecciosos ou parasitos, 18 delas têm prevalência no Brasil. As mais comuns são dengue, doença de Chagas, hanseníase, leishmaniose, malária e arboviroses em geral, como zika e chikungunya. Até junho deste ano, o Ministério da Saúde confirmou mais de 600 mil casos de dengue no Brasil e 1,127 milhão de ocorrências prováveis da doença. Até o mês passado, foram registradas 366 mortes relacionadas à dengue.
(Fonte: Agência de Notícias UFMG)