II Ato do Dia Mundial do HTLV, vírus que pode causar leucemia e mielopatia
O Vírus T-linfotrópico Humano (HTLV), apesar de desconhecido para grande parte da população, é um perigo silencioso carregado por entre 800 mil a 2 milhões de brasileiros. Da mesma família que o HIV (Retroviridae), o retrovírus será tema do “II Ato do Dia Mundial do HTLV”, na segunda-feira, 11 de novembro, na sala 22 da Faculdade de Medicina da UFMG.
A inscrição é gratuita e será feita na hora. A programação vai das 8h às 12h.
Julia Caporali, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, que coordena o evento, explica que o vírus está distribuído pelo mundo. “São quatro tipos desse vírus no mundo. No Brasil, existem os tipos 1 e 2, que são os mais prevalentes. O tipo 1 é associado a doenças, enquanto os outros ainda não têm essa relação comprovada. A distribuição é em todo mundo, mas há maior incidência em clusters, como o Japão e países da África Subsaariana”, conta.
HTLV
Na maioria dos casos, o HTLV é assintomático. O maior perigo é para 10% das pessoas que carregam o tipo 1 do retrovírus, que podem desenvolver doenças moderadas ou graves. “As duas mais graves são a leucemia de célula T do adulto (muito aguda, que leva a morte) e a mielopatia associada ao HTLV 1 (HAM, na sigla em inglês), em que o paciente fica com dificuldade de andar e controlar urina e fezes, progredindo lentamente e podendo levar à cadeira de rodas”, explica a professora.
O surgimento de clusters é explicado pelas formas de contágio, similares ao HIV, que incluem relação sexual desprotegida e transmissão de mãe para filho (via gravidez, parto ou amamentação). “Hoje focamos na prevenção e conscientização, principalmente para mães diagnosticadas com HTLV, que não podem amamentar. Quando descobrimos um caso, é importante testar a família toda, já que existe prevalência de até 25% em familiares. Não existe medicamento que combata o vírus, por isso não há tratamento específico. O que pode ser feito é tratar os sintomas das doenças”, diz. O diagnóstico utiliza exame de sangue com sorologia comum pra HTLV 1 e 2, na triagem inicial, e exame confirmatório para casos positivos.
Minas
Em Minas Gerais, uma das referências é o Ambulatório de HTLV da UFMG, que funciona nas quintas-feiras de manhã e recebe pacientes encaminhados da rede pública ou pacientes avulsos que tiveram exame positivo. O Ambulatório é composto por alunos da graduação e pós-graduação, que atuam junto aos professores. “Se for solicitado, o exame é fornecido pelo SUS, mas muitos médicos nem conhecem o vírus, então raramente é solicitado a testagem. A maior fonte de diagnósticos vem dos bancos de sangue, já que todos doadores são testados”, relata a professora.
Programação
O dia 10 de novembro é designado como Dia mundial do HTLV. O Ato na Faculdade de Medicina faz parte das ações de conscientização e é aberto para pacientes, familiares, médicos estudantes e comunidade em geral.
A ação será no dia 11 e contempla palestras com informações gerais sobre o retrovírus e atualizações científicas. Dinâmicas interativas também serão usadas para a troca de experiências. “A construção do conhecimento será de dupla via, já que os pacientes podem levar questões que talvez profissionais ainda não tenham se sensibilizado”, afirma Júlia. Ao final, os participantes irão levar o Ato para a frente da Faculdade, onde deixarão cartazes com informações.
Esse tipo de ação vem promovendo a conscientização da população e também das instituições. “Aos poucos temos conseguido chamar a atenção de órgãos governamentais e internacionais. Recentemente houve edital da Organização Mundial da Saúde para financiar pesquisas e o HTLV estava incluído. Devagar vamos conquistando”, celebra a professora.
(Fonte: Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina UFMG)