Palestra analisa anticomunismo e juventude no tempo da ditadura, a partir de documentos históricos
'Um verdadeiro bacanal, uma coisa estúpida: anticomunismo e juventude no tempo da ditadura' é o tema de palestra que Antonio Maurício Brito, professor de História na Ufba, realiza no dia 9 de outubro de 2019, na UFMG. A atividade está agendada para 17h, no auditório Baesse da Fafich, no campus Pampulha, e tem entrada aberta ao público.
Com base em análise documental, Brito vai mostrar como o aparato repressivo vigiava o comportamento de jovens universitários. O título da palestra faz referência a fragmento extraído de um dos documentos, de autoria do brigadeiro João Paulo Burnier, para referir-se ao Congresso da União Nacional dos Estudantes em 1968.
O evento é uma iniciativa do Laboratório de História do Tempo Presente da UFMG.
Pesquisa
A palestra deriva de investigação desenvolvida por Brito durante estágio pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em História da UFMG e na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, entre abril de 2018 e março de 2019.
O foco são as representações e os discursos anticomunistas produzidos por agentes repressivos, forças de segurança e comunidades de informações que viam o comportamento transgressor de jovens no campo sexual e o uso de drogas como estratégia conspirativa do Movimento Comunista Internacional (MCI) a partir da Tricontinental de Havana (1966) para subverter os costumes e destruir o Ocidente.
Documentos
Maurício Brito vai explorar de 10 a 15 documentos elaborados por órgãos do aparelho de Estado a partir de 1968. Trata-se de informes confidenciais, relatórios e circulares policiais; memórias, artigos e documentos elaborados por militares; pronunciamentos de militares em jornais; literatura anticomunista produzida pelo general Ferdinando de Carvalho, em 1977, sobre o modo de ação comunista; ofícios do MEC e da Divisão de Segurança e Informações.
Essa documentação está sob a guarda do Arquivo Nacional (Distrito Federal e Rio de Janeiro), Arquivo Público do Estado de São Paulo e Hemeroteca Digital.
Segundo o historiador, essas representações foram alimentadas por temas clássicos da tradição anticomunista construída no Brasil desde meados do século 19, alimentada pela Revolução Russa (1917) e inflada pela atmosfera internacional de revolução dos costumes e protestos transnacionais protagonizados por jovens nos anos 1960-1970. "Tudo isso em meio ao surgimento da pílula anticoncepcional, contracultura e movimentos feminista, gay e hippie", resume Brito.
(Fonte: Agência de Notícias UFMG)