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11 de setembro: 20 anos depois

Novo episódio do 'Outra estação', da Rádio UFMG Educativa, relembra atentado às torres gêmeas em 2001 e analisa as consequências da Guerra ao Terror

O vôo 175 da United Airlines bate na torre sul do World Trade Center em Nova Iorque
O avião da United Airlines que fazia o voo 175 chocou-se com o World Trade Center, em Nova YorkFlickr TheMachineStops (Robert J. Fisch)

Na manhã de 11 de setembro de 2001, a programação da TV foi interrompida com a notícia de que um avião havia se chocado contra a torre Norte do complexo industrial World Trade Center (WTC), em Nova York, nos Estados Unidos, às 8h46. De imediato, muita gente supôs ser apenas um triste acidente. Até que, às 9h03, um segundo avião bateu contra a torre Sul, e as manchetes passaram a tratar o episódio como atentado.

Outros dois aviões caíram nos minutos seguintes, um deles no Pentágono, centro de planejamento militar do governo em Washington, e outro em uma região desabitada do estado da Pensilvânia. Logo se descobriria que os ataques haviam sido orquestrados pelo grupo terrorista al-Qaeda e executados por 19 militantes, que sequestraram quatro aviões. As aeronaves saíram da costa leste dos Estados Unidos em direção ao outro lado do país. Elas tinham os tanques carregados de combustível para cinco horas de viagem. 

Os atentados mataram quase três mil pessoas e levaram os Estados Unidos a declarar a chamada Guerra ao Terror. O primeiro alvo foi o Afeganistão, ainda em 2001, sob a alegação de que o país escondia o mentor dos atentados, o terrorista saudita Osama Bin Laden. Dois anos mais tarde, os Estados Unidos se voltaram contra o Iraque, acusado de abrigar armas de destruição em massa. 

O novo episódio do Outra estação, da Rádio UFMG Educativa, relembra o que foi o ataque ao WTC, quais foram seus objetivos e analisa as consequências do atentado para o mundo 20 anos depois da queda das torres gêmeas.

Neste episódio, a Rádio UFMG Educativa conversou com os professores Dawisson Lopes, de política internacional da UFMG, Reginaldo Nasser, de Relações Internacionais da PUC São Paulo, Augusto Teixeira, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba, e Samuel Feldberg, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e pesquisador do Centro Dayan da Universidade de Tel Aviv. O programa também traz relatos de duas pessoas que estavam em Nova York no momento do atentado: o brasileiro Marcio Boruchowski, que trabalhava em um edifício perto das torres gêmeas, e a franco-alemã Stephanie Habrich, que trabalhava em um banco na torre Sul do World Trade Center.


“Os Estados Unidos estão sob ataque”
Com o atentado, a al-Qaeda desafiava o Ocidente atacando símbolos do poder estadunidense: o World Trade Center, ícone do poder econômico, o Pentágono, centro do poder militar, e a Casa Branca, símbolo do poder político, que, ao que tudo indica, seria o terceiro alvo dos terroristas. O ataque de um inimigo externo em pleno território americano expôs a vulnerabilidade da nação mais poderosa do mundo.

Após o 11 de setembro, o número de casos de islamofobia nos Estados Unidos aumentou. O governo também passou a investir mais em segurança e adotou medidas polêmicas, desde uma fiscalização mais rigorosa nos aeroportos até a criação de dispositivos legais, como o USA Patriot Act, ou ato patriótico dos Estados Unidos, que autorizou órgãos do governo, como a Agência Nacional de Segurança, conhecida como NSA, a rastrear transações bancárias, registros de empresas e até mesmo ligações telefônicas, o que desencadeou anos mais tarde as denúncias feitas por Edward Snowden.

Stephanie Habrich:
Stephanie Habrich teve que correr quando viu uma bola de fogo no prédio do WTC, onde trabalhavaArquivo pessoal


Os impactos da Guerra ao Terror
O segundo bloco do programa analisa as consequências da Guerra ao Terror para o mundo árabe 20 anos após o atentado. Um mês após o ataque ao World Trade Center, os Estados Unidos – com maciço apoio da comunidade internacional – lançaram ataques aéreos contra o Afeganistão. O Taliban, grupo fundamentalista islâmico que controlava o país asiático à época, foi acusado pelo governo de George W. Bush, então presidente dos EUA, de acobertar Osama Bin Laden. 

Bin Laden foi capturado e morto em 2011, mas ainda assim os Estados Unidos mantiveram tropas no país por mais dez anos. Ao longo das duas décadas de conflito, mais de 240 mil vidas foram perdidas, entre civis, militares e insurgentes. A estimativa é de uma pesquisa da Universidade Brown, nos Estados Unidos. Se, de um lado, a al-Qaeda saiu enfraquecida após a ofensiva estadunidense, de outro, o Taliban nunca esteve tão forte, e persistem no país graves ameaças aos direitos humanos, em especial aos direitos das mulheres.  

Outro desdobramento do 11 de setembro foi a Guerra do Iraque, em 2003. A justificativa, novamente, foi o combate ao terrorismo. Mas, ao contrário da Guerra do Afeganistão, desta vez, a comunidade internacional não comprou completamente o discurso dos Estados Unidos, e os países se dividiram em relação ao conflito. A própria população norte-americana protestou contra a empreitada militar. A Guerra do Iraque teve como uma de suas principais consequências o vácuo de poder no país árabe, o que abriu brechas para o fortalecimento do Estado Islâmico.

Soldados afegãos em combate
Soldados afegãos em combate Al Jazeera English I Flickr: The IED Threat

Para saber mais
Livro Do 11 de setembro de 2001 à guerra ao terror: reflexões sobre o terrorismo no século XXI, organizado por André de Mello Souza, Reginaldo Mattar Nasser e Rodrigo Fracalossi de Moraes

Estudo da Universidade Brown, dos Estados Unidos, sobre os custos da Guerra ao Terror no pós 11/09

Biblioteca digital que reúne arquivos do 11 de setembro na televisão

No dia 9 de setembro, às 19h, será realizado o evento on-line Afeganistão e os 20 anos do 11 de setembro, promovido pela Faculdade de Ciências Econômicas e pela Diretoria de Relações Internacionais da UFMG.

Produção
O episódio 74 do Outra estação é apresentado por Joabe Andrade, responsável pela produção juntamente com Paula Alkmim. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues. A coordenação de jornalismo da Rádio UFMG Educativa é de Paula Alkmim. 

Na segunda temporada, a atração vai ao ar às quintas, quinzenalmente, às 18h, com reprise às sextas, às 7h, pela frequência 104,5 FM. Em cada episódio, o programa aborda um tema de interesse social. Todos os episódios estão disponíveis nos aplicativos de podcast, como o Spotify.