140 anos de Virginia Woolf: vida, obra e poesia da escritora
A poética e o feminino na literatura da britânica são temas de entrevista no programa Universo Literário
No dia 25 de janeiro de 1882, há exatos 140 anos, nascia uma das principais autoras da literatura no século 20: a escritora e ensaísta britânica Adeline Virginia Woolf. Ela começou a escrever aos nove anos e, ao longo de sua vida, publicou nove romances, com títulos como Mrs. Dalloway, Ao Farol, Orlando e Um Teto Todo Seu, além de escrever diversos contos, resenhas e ensaios críticos. A obra da britânica é marcada pelo uso do fluxo de consciência, uma técnica literária do modernismo que tenta ilustrar e transcrever o processo de pensamento de um personagem, em uma estrutura não-linear que se assemelha à forma como pensamos.
O legado de Woolf vai além da literatura, sendo marcado também pelas suas contribuições às correntes do feminismo, levantando temas como a dificuldade que escritoras e intelectuais mulheres enfrentam, por conta das diferenças econômicas e legais entre gêneros no período vitoriano, bem como o futuro das mulheres na educação e sociedade. Nesta terça-feira, 25, o programa Universo Literário recebeu o professor de Literatura Inglesa da Uerj, Davi Pinho, membro da Virginia Woolf International Society, para uma conversa sobre a obra, história e legado de Virginia Woolf.
O convidado começou com um breve histórico familiar da escritora, que vivia num mundo dominado pelos homens, despertando nela desde cedo questionamentos sobre as questões de gênero. Sobre os recursos utilizados em sua escrita, Pinho explicou qual o papel de cada um deles na obra de Woolf. “Eu diria que o lirismo na obra da Virginia Woolf constrói certa zona que suspende a descrição e abre sulcos para a interpretação de quem lê. Isso ajuda a construir personagens que vivem para além das páginas, especialmente personagens mulheres que não são ou não podem ser completamente capturadas pelo enredo, que habitam também esses silêncios poéticos da prosa”, analisou o professor.
Para o docente, a autora é uma pensadora feminista. “O feminino aparece na obra da Virginia Woolf como uma porta de entrada para uma literatura e para uma sociedade”, afirmou, destacando fragmentos e temáticas abordadas pela britânica ao longo de seus trabalhos. Pinho também comentou sobre os diários de Woolf, que vêm ganhando novas traduções para o português, e defendeu que esse material pode ser lido também como experimentos da autora. Além disso, compartilhou a história de seu encontro com a obra e refletiu sobre o que na literatura de Virginia Woolf permaneceu consigo. “Talvez o que mais tenha me tocado, e continue a me tocar, seja essa vontade de insistir na vida”, completou Davi Pinho.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
A obra de Virginia Woolf é publicada no Brasil por editoras como Autêntica, Companhia das Letras, Rocco e Nós.
Produção: Alexandre Miranda e Nicolle Teixeira, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael