Supernova SN 1997D foi descoberta há 25 anos pela astrofísica brasileira Duília de Mello
Programa Conexões recebe uma das mais reconhecidas cientistas brasileiras para conversar sobre suas descobertas
Em 14 de janeiro de 1997, enquanto estava no Chile a trabalho, Duília de Mello conferia os mapas das galáxias em um observatório, quando reparou que havia uma estrela a mais. Foi aí que Duília encontrou uma Supernova. Sua descoberta foi nomeada 1997D e nesta sexta-feira, 14, comemoram-se 25 anos desse feito. Duília de Mello é uma das cientistas brasileiras mais reconhecidas fora do Brasil. É astrofísica, vice-reitora da Universidade Católica de Washington, professora titular do departamento de física, colaboradora da Nasa Goddard e especialista na análise de imagens do telescópio Hubble.
Também é autora de livros que buscam despertar em crianças e adolescentes o interesse pela ciência e os estudos da galáxia, como Vivendo com as Estrelas e a publicação infantil As aventuras de Pedro, uma pedra especial. Para lembrar os 25 anos da descoberta da SN 1997D e falar sobre seu trabalho, o Conexões desta sexta-feira, 14, recebeu a astrofísica Duília de Mello. A convidada explicou o que é uma Supernova, uma estrela que explodiu, para contar que foi a primeira a ver a 1997D, quando observava galáxias enquanto trabalhava. Segundo a astrofísica, essa é uma forma atípica de se descobrir esse tipo de astro.
“No dia seguinte, tiraram uma imagem num telescópio vizinho. Essa é a imagem que eu vi e que todo mundo vê na internet, inclusive está até na Wikipedia de Supernovas. Essa foto é a imagem da galáxia com a estrelinha lá, que na verdade é uma estrela que está tão brilhante quanto as estrelas da Via Láctea. Mas essa galáxia na verdade está bem longe, a 53,8 milhões de anos luz de distância. Na explosão ela ficou tão brilhante quanto as estrelas daqui da redondeza, é fantástico isso”, contou a professora. A entrevistada também falou sobre as bolhas azuis, outra descoberta feita com um telescópio, dessa vez com o famoso Hubble, que permitiu observar um berçário de estrelas, nascidas entre galáxias em colisão. “No final é tudo conectado, o nascimento, a vida e a morte das estrelas”, comentou a professora.
Duília de Mello refletiu sobre possíveis caminhos para quebrar a associação de que as chamadas ciências duras, entre elas a astronomia, são áreas de atuação masculina. Além disso, falou sobre o caráter poético da sua área de atuação e pesquisa. “Tem poesia em tudo na vida, até nas ciências duras. Acho que precisa mostrar esse lado pra tudo mundo, pra não achar que a gente é aquele cientista sisudo, que tem o jaleco branco e cabelo de doido!”, brincou a docente. A cientista relembrou o começo de sua trajetória e falou sobre a importância do acesso a universidades públicas e do investimento na ciência, destacando que, assim como ela, grande parte de seus colegas de área são fruto desse investimento.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
Produção: Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael