25 anos do fenômeno editorial “Harry Potter e a pedra filosofal”, de J.K.Rowling
Romance publicado em 1997 se tornou sucesso mundial e deu origem a 7 livros e 8 filmes
Neste domingo, 26, o livro Harry Potter e a pedra filosofal completa 25 anos da primeira publicação no Reino Unido. A narrativa que inicia a saga Harry Potter conta a história de um menino bruxo que fica órfão, depois que o vilão Voldemort assassina seus pais a sangue frio. O garoto se torna uma lenda no mundo mágico por ter sobrevivido ao feitiço mortal apenas com uma cicatriz na testa, mesmo sendo apenas um bebê. O texto de J. K. Rowling foi negado 12 vezes por editoras antes de ser aceito pela Bloomsbury. O machismo é apontado como um fator por trás da rejeição. A própria escolha de suprimir seu primeiro nome, Joanne, para J. K. foi uma tentativa de tirar o foco do fato de que se tratava de uma autora mulher para, assim, fugir das perseguições no mercado editorial.
Harry Potter deu origem a uma série inicial de sete livros, adaptados em oito filmes pela Warner Bros, foi best-seller lido entre crianças e adultos, incentivando jovens a criarem o hábito da leitura e a escreverem. Uma pesquisa feita no Reino Unido e na Itália e publicada no Journal of Applied Social Psychology, em 2014, indicou que a série diminuiu o preconceito e aumentou a empatia entre os jovens. Quem lia os livros da série tinha melhores atitudes em relação a imigrantes e à população LGBT+ e conseguia entender que o apoio de Harry aos “sangues-ruins” era uma alegoria para a tolerância. A crítica deu avaliações positivas logo que a saga estreou, mas também haviam os que não viam muito valor na obra, como o estadunidense Harold Bloom. O universo criado por Rowling é cheio de referências a fatos históricos sobre bruxaria, como alquimia e caça às bruxas. A autora foi acusada de fazer plágio da obra O livro de magia, de Neil Gaiman, que conta a história de uma criança míope que vai para a uma escola de magia e feitiçaria, junto de sua coruja fiel. O livro de magia foi publicado entre 1990 e 1991, pela DC Comics, 6 anos antes de Harry Potter.
Nos últimos anos, J.K. Rowling vem colecionando posições problemáticas em seu Twitter, revelando alguns preconceitos, principalmente sua transfobia, o que gerou ondas de desconforto na internet. Isso também trouxe à tona discussões em torno da construção dos personagens na obra de Rowling.
O programa Universo Literário conversou sobre a importância da saga de Harry Potter no mundo editorial e sobre alguns aspectos da obra de maneira crítica com a pesquisadora Ana Carolina Siani Lopes, doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara-SP. Ela é integrante do Grupo de Estudos Discursivos, também da UNESP, e desenvolve pesquisa na área de análise dialógica do discurso. No doutorado, ela estudou as relações de raça, gênero e classe em Harry Potter.
Ouça a conversa com a apresentadora Michelle Bruck: