Gilberto Gil é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da música popular brasileira. Um de seus maiores sucessos, a canção "Aquele Abraço", completa neste mês de agosto 50 anos de gravação. A música não só é um sucesso comercial, mas também é um retrato do contexto da época. Em dezembro de 1968, algumas semanas após a instituição do AI-5 pelo governo militar, Gilberto Gil, Caetano Veloso e os Mutantes apresentaram um polêmico show, que resultou na prisão de Gil e Caetano, sob a acusação de desrespeito à bandeira e ao hino nacional. Liberados na quarta-feira de cinzas de 1969, foi decidido pelos militares que eles seriam exilados. No mesmo ano antes do exílio e da ida dos cantores para Londres, foi realizado um último show, o Barra 69, nos dias 20 e 21 de julho, coincidindo com a chegada do homem na lua. "Aquele Abraço" nasce nesse contexto, estreando nesta apresentação. Escrita por Gilberto Gil quando viajava de avião para Salvador, onde o show seria realizado, a canção é um hino de despedida do cantor, e com o tempo se tornou um símbolo da luta contra a ditadura. Gilberto Gil diz que nome surgiu dos soldados do quartel, que o saudavam dizendo: "Aquele abraço, Gil!". 

O programa Noite Ilustrada, da rádio UFMG Educativa, conversou, nesta quinta, 8, sobre o contexto da época com a professora, jornalista e cineasta Ceci Alves, que está produzindo o documentário “Um Axexê Para a Tropicália”, que conta sobre a história do show Barra 69.