A mulher que não cabe nas capas de revista
Pesquisa da UFMG analisa capas da revista Tpm e sua capacidade de responder a anseios sociais relacionados à mulher
Em 2019, a jornalista Vanessa Costa Trindade defendeu sua tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG. Ela estudou como o corpo feminino e os modos de ser mulher hoje são trabalhados na capa de uma famosa revista, a Tpm, uma publicação criada em 2001 e que declara ter como compromisso não tratar a mulher de forma estereotipada.
De 2015 a 2019, com financiamento da Capes, a pesquisadora analisou capas de cinquenta e duas edições da revista Tpm. Entre os resultados, o estudo aponta que a publicação ainda engessa a mulher que coloca em suas capas, atuando, como outras revistas, em uma espécie de pedagogização do corpo da mulher.
Os detalhes dessa tese são apresentados no episódio 33 do programa Aqui tem ciência.
RAIO-X DA PESQUISA
Título original: "Mulheres na Tpm: o corpo e a configuração de modos de ser mulher na capa da revista feminina"
O que é: pesquisa de doutorado que observou como as capas da revista feminina Tpm atuam no estabelecimento de modos de ser mulher por meio do seu texto visual e, ainda, a regulação social dos corpos que passa pela mídia. As conclusões apontam para a ideia de que a capa, por conta da sua forma e do seu modo de circulação, antecede e produz a revista; de que a Tpm tem uma preocupação em responder a anseios sociais relacionados à mulher e parece se adiantar em relação a algumas revistas, mas não traz novidades às discussões que propõe; o trabalho temático da revista reitera uma versão tradicional de visibilidade como algo positivo, porém, ela sempre implica em apagamentos e na invisibilidade de algumas existências.
Pesquisadora: Vanessa Costa Trindade
Orientador: Prof. Dr. Elton Antunes
Programa de Pós-graduação: Comunicação Social
Ano da defesa: 2019
Financiamento: Capes
O episódio 33 do programa Aqui tem ciência tem produção e apresentação e edição de Alicianne Gonçalves, coordenação de jornalismo de Paula Alkmim e trabalhos técnicos de Breno Rodrigues. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG, abrangendo todas as áreas do conhecimento.
A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta resultados de trabalho de um pesquisador da Universidade. Em março, todos os episódios do Aqui tem ciência trazem pesquisas feitas na UFMG por mulheres e sobre mulheres.
O primeiro episódio da série abordou a influência da questão de gênero no tratamento que as mulheres recebem no Sistema de Justiça Criminal. O segundo episódio falou sobre uma pesquisa que analisou discursos de mulheres que são dirigentes de universidades mineiras. Já o tema do terceiro episódio foi a vida de mães com filhos com a Síndrome Congênita do Zika Vírus.
Para finalizar a série em homenagem às mulheres, o programa de 30 de março fala sobre como as escolhas de mobilidade urbana podem ser diferentes no caso de mulheres e homens de diferentes regiões de Belo Horizonte.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.