A tecnologia como arma para redução da letalidade policial: qual o papel das câmeras nas fardas?
Pesquisadora do Crisp UFMG discute pontos que devem ser analisados para assegurar que as gravações diminuam os abusos nas abordagens
Os abusos e a letalidade policiais têm sido recorrentemente denunciados pelo país e há uma pressão da sociedade por respostas das autoridades. Uma política que tem ganhado força nos últimos anos é a instalação de câmeras portáteis no uniforme dos agentes da Polícia Militar. Até o momento, três estados implantaram a medida: São Paulo, Rondônia e Santa Catarina, sob o argumento de aumento da transparência da atividade policial, reduzindo o número de abordagens violentas e mortes, tanto de suspeitos quanto de PMs.
O Rio de Janeiro começou, na última semana, a implementação do equipamento, por enquanto em 9 batalhões. Outros estados brasileiros já anunciaram estar com planejamento em curso para adicionar o uso da tecnologia em seus territórios. Minas Gerais está entre eles e comunicou que deve começar a usar as câmeras até outubro deste ano. Há também quem propague que a vigilância vai contra a liberdade do trabalho dos agentes e é abertamente contra ações desse tipo.
No contexto eleitoral, o assunto também ganha espaço, com candidatos a governador propondo a suspensão total ou parcial do uso de câmeras em São Paulo, por exemplo. Nesse estado, dados mostram uma queda das mortes em operações da corporação após a adoção efetiva das câmeras. Em 2021, morreram 423 pessoas em confronto com a PM, 36% a menos do que os 659 do ano anterior, segundo dados da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo. A morte de agentes também diminuiu.
Então, seria essa inovação a solução para os abusos na atividade policial? Para analisar o papel desse tipo de medida, a efetividade dela para coibir a violência e os efeitos sociais e políticos, o programa Conexões dessa quinta, 9, teve a participação da professora do Departamento de Sociologia da UFMG e pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) Ludmila Ribeiro. A docente abordou diversos aspectos da discussão, como o uso eleitoral do tema, a influência que a gravação da atividade pode ter nas abordagens da corporação e outras medidas necessárias para diminuir a letalidade policial.
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória:
Para acompanhar as análises, estudos e pesquisas sobre a esfera da segurança pública desenvolvidas pelos pesquisadores do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, acesse o perfil do Crisp no Instagram.
Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas