Acesso às tecnologias digitais ainda é precário para estudantes do campo
Tema de novo episódio do 'Aqui tem ciência', dissertação investigou práticas de letramento em ambientes virtuais em comunidade no Vale do Jequitinhonha
“Você precisa estudar para não ir para o cabo da enxada.” Por diversas vezes, Maurício Teixeira Mendes ouviu essa frase na escola. Ele nasceu e cresceu na comunidade do campo de João Afonso, localizada no município de Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha. Teve uma relação conturbada com a escola. Isso porque a instituição onde Maurício estudava, embora localizada no campo, seguia o modelo de uma escola urbana e negava as tradições da comunidade.
A inquietação com esse modelo de ensino ficou ainda mais forte durante a sua Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), quando percebeu um descompasso entre as práticas de letramento da escola e aquelas adotadas fora dos muros da instituição, principalmente em relação ao uso de tecnologias digitais.
Após concluir a graduação, decidiu investigar melhor o tema em seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da UFMG. Esse trabalho é tema do episódio 108 do programa Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.
Para desenvolver a dissertação, Maurício Teixeira usou uma metodologia chamada pesquisa narrativa, que tem como foco a história de vida dos sujeitos, que são entendidos como colaboradores do trabalho. Paralelamente, os estudantes interagiram com o pesquisador por meio de um site criado exclusivamente para esse fim.
A atividade prática teve o objetivo de verificar as habilidades dos alunos em ambientes digitais. Essa foi uma solução encontrada por causa da pandemia, que inviabilizou os planos iniciais do pesquisador de observar de perto os alunos em ambientes da escola, como as salas de aula e os laboratórios de informática.
Os resultados da pesquisa mostram que as tecnologias não são pensadas para a educação no campo e que a desigualdade de acesso ainda é uma barreira que precisa ser superada.
Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa
Dissertação: O lugar digital nas práticas de letramento de uma comunidade do campo
O que é: pesquisa de mestrado que investigou práticas de letramento em ambientes digitais em uma comunidade rural no Vale do Jequitinhonha. Os resultados mostram que as tecnologias não são pensadas para a educação no campo e que a desigualdade de acesso ainda é uma barreira que precisa ser superada.
Pesquisador: Maurício Teixeira Mendes
Programa de Pós-graduação: Estudos Linguísticos
Orientadora: Ana Cristina Fricke Matte
Ano da defesa: 2021
Financiamento: Capes
O episódio 108 do programa Aqui tem ciência tem apresentação de Beatriz Kalil e produção de Paula Alkmim. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados do trabalho de um pesquisador da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.