Krenak e Kopenawa valorizam ações da Universidade em defesa dos povos originários
Os dois líderes indígenas, que abriram nesta semana o ciclo de conferências 'Futuro, essa palavra', foram entrevistados pela TV UFMG
Davi Kopenawa Yanomami e Ailton Krenak estiveram na UFMG na última segunda-feira, 27, para a conferência Diálogos pela (re)existência em um mundo comum, que abriu o ciclo Futuro, essa palavra, em celebração dos 95 anos da UFMG e do Bicentenário da Independência do Brasil, ambos a serem completados em 7 de setembro. Logo após a atividade, os dois líderes indígenas, em entrevista à TV UFMG, ressaltaram a importância de ter a Universidade como parceira na luta por direitos dos povos originários e a potencialidade dos saberes indígenas para a formação de cidadãos comprometidos com a defesa da Terra.
De acordo com Ailton Krenak, a promulgação da Constituição brasileira de 1988 fez as universidades atentarem à urgência de demandas indígenas, abrindo caminho para ações pioneiras. “Na década de 1990, a UFMG lançou, junto com a Secretaria de Estado do Governo de Minas, o primeiro programa de formação de professores indígenas. Formou a primeira geração de professores Krenak, Pataxó, Xakriabá, Maxacali e tomou a iniciativa de construir uma rede de escolas nas aldeias”, descreveu Krenak, referindo-se ao Programa de Implantação de Escolas Indígenas de Minas Gerais (Piei-MG), criado em 1995 com o objetivo de fomentar nas aldeias uma educação escolar específica e de qualidade.
Davi Kopenawa lembrou os 30 anos da demarcação da terra indígena Yanomami, ocorrida em 1992, e disse acolher com alegria as trocas e interlocuções com a comunidade universitária, uma vez que povos indígenas e as universidades têm em comum a luta pela vida. “Nós continuamos lutando, juntos de vocês também. Nós, povo da floresta, precisamos da força de vocês para lutar junto, lutar pela nossa vida”, comentou o xamã Yanomami.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que também participou da conversa, avaliou o encontro como um momento histórico para a Universidade, de reflexão sobre a trajetória da Instituição e de resgate e atenção aos contínuos ataques aos direitos indígenas. Ela ressaltou o aprendizado deixado pelos convidados: “Como Ailton nos lembrou, o futuro é agora. Nós temos que pensar como vamos construir o país que nós queremos, a partir de agora. E o Davi nos lembrou a importância da cooperação, do apoio mútuo e do sonhar, da importância de sonhar. Isso para nós não tem preço: começar o nosso ciclo de comemorações com pessoas que nos fazem refletir sobre o nosso estar no mundo, sobre a nossa existência, que também é uma forma de resistência", analisou.
Assista à cobertura do evento e às entrevistas no vídeo produzido pela TV UFMG.
Equipe: Olívia Resende (reportagem e edição de conteúdo), Samuel do Vale (imagens) e Otávio Zonatto (edição de imagens)