Institucional

'Estudante deve estar no centro das políticas educacionais', defende Alessandro Fernandes

Vice-reitor participou da abertura da quinta edição do congresso de inovação no ensino superior, que nasceu na UFMG e neste ano ganhou caráter interinstitucional

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Alessandro Fernandes: acolher, escutar e construir coletivamenteFoca Lisboa / UFMG

As políticas educacionais devem ser criadas mediante processo de inserção dos estudantes na discussão sobre as mudanças demandadas, defendeu, nesta segunda-feira, dia 16, o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira na abertura do 5º Congresso de Inovação e Metodologias de Ensino Superior e Tecnológico (VCIM), realizado de forma virtual, com sede na Universidade Federal de Lavras (Ufla). 

“É importante alcançar o estudante. E como vamos alcançá-lo sem trazê-lo para o centro?", provocou o dirigente. Em seu entendimento, o estímulo à inovação nas metodologias de ensino requer uma perspectiva que, em vez de adotada "para o estudante", seja incorporada "com o estudante".

O vice-reitor afirmou também que, para que seja garantida a permanência e a inclusão dos estudantes, são necessárias políticas públicas sustentáveis e sustentadas. “Inovar, na área da educação, não é tarefa fácil. Para inovar, é preciso acolher, escutar e construir coletivamente. E as mudanças, nos mais diversos contextos, devem ser estruturais e culturais. Não pode haver quebras ou interrupções nesse processo”, enfatizou.

Integração
As discussões e atividades propostas para o VCIM têm origem na construção coletiva feita por especialistas das universidades federais de Ouro Preto (Ufop), dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e de Catalão (UFCat), dos institutos federais do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), além da Ufla e da UFMG.

Como lembrou Alessandro Fernandes, essas instituições formam uma importante rede que trabalha para tornar a educação inovadora e acolhedora. “A educação deve integrar e emancipar as pessoas – não apenas os estudantes, mas também os educadores. Quando caminhamos nessa linha, temos mais chances de oferecer uma formação holística, humana, crítica, ética e, sobretudo, cooperativa”, enfatizou.

O vice-reitor reforçou ainda que, passados cerca de nove meses da interrupção dos trabalhos presenciais na UFMG, a universidade “segue viva, vibrando com a sociedade”. “Essa é a resposta que está sendo dada: mesmo a distância, estamos juntos. Que possamos assimilar bons métodos no decorrer deste congresso", conclamou.

Itinerância
O pró-reitor de Graduação da Ufla, Ronei Martins, falou em nome da comissão organizadora da universidade anfitriã. Em sua avaliação, o modelo de concepção da quinta edição do Congresso foi muito feliz ao “reunir esforços para tornar itinerante o evento que já era um sucesso em suas versões anteriores”. “Desde a formulação das ideias iniciais até a realização do Congresso, enfrentamos muitas dificuldades, mas a equipe foi muito bem orientada e aguerrida para que o encontro fosse bem sucedido”, destacou.

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Na mesa de abertura, especialistas compartilharam ferramentas para a democratização do ensino e o combate à evasãoRaphaella Dias | UFMG

Patamar diferente
A formação e a produção de conhecimento, na avaliação da pró-reitora de Graduação da UFMG, Benigna Oliveira, são “elevadas a um patamar diferente” no âmbito do congresso, já que as atividades são pensadas tanto para professores e estudantes quanto para os servidores das instituições envolvidas. “Trata-se de um processo formativo não só para quem assiste ao evento, mas para as próprias instituições organizadoras. É fundamental para despertar a reflexão interna e o aprimoramento de nossas práticas”, comentou.

A diretora do GIZ, professora Maria José Flores, foi responsável pela mediação da conferência de abertura, sobre Práticas docentes e sua relação com a inclusão, permanência e sucesso na formação das universidades e institutos federais. Para ela, o tema central do congresso se tornou mais desafiador devido ao contexto de pandemia, quando, “compulsoriamente, foi preciso estabelecer maneiras de viabilizar a educação on-line”. “Nossos esforços foram no sentido de dar conta de dar suporte aos estudantes, sem deixar nenhum para trás e sem regredir nos processos de democratização da educação", destacou.

Em sua apresentação, a professora Ana Amélia Carvalho, da Universidade de Coimbra, compartilhou ferramentas didáticas que estão entre as mais modernas, de acordo com a literatura sobre o tema. Uma delas é a proposição de atividades curtas ao longo das aulas expositivas. “Estudos mostram que os alunos iniciam as aulas compenetrados, mas depois se dispersam”, justificou.  

Ana Amélia lembrou que a atualização dos métodos de ensino é especialmente necessária porque o acesso ao conhecimento é cada vez mais favorecido por outras vias. “Antes, os mestres eram detentores do saber, mas o conhecimento hoje está a um clique. O professor deve levar os estudantes a refletir sobre o que já leram, a ser críticos. O aluno também é responsável pela aprendizagem”, afirmou.

Doutora em Educação, a professora Isabel Almeida, da Universidade de São Paulo (USP), chamou a atenção para a necessidade de se levar em conta a realidade brasileira ao traçar formas de alcançar os estudantes com as inovações didáticas. Segundo ela, as razões que levam à evasão escolar são similares às que fazem um empregado deixar seu posto de trabalho. Essa decisão, em seu entendimento, é influenciada pelas características de interação e pela qualidade do comprometimento com a instituição. “O nível socioeconômico, as habilidades intelectuais e a escolaridade prévia, por exemplo, afetam o desempenho acadêmico e as formas de interação social com os professores, com os funcionários e com os colegas”, elucidou.

A programação do VCIM, que segue até sexta-feira, dia 20, inclui oficinas, minicursos, grupos de colaboração e mostra de núcleos de estudos. A maioria das atividades estará disponível somente para as pessoas que se inscreveram previamente. No entanto, o público poderá acompanhar, no canal da Ufla no YouTube, o debate sobre Inclusão, permanência e sucesso: como inovar para alcançar cada estudante?, que será realizado nesta quarta-feira, dia 18, a partir das 9h.

Matheus Espíndola