Aluna de engenharia mecânica é premiada nos Estados Unidos
Com o texto acadêmico intitulado A multilingual journey: learning a new language with a sincere interest in the other culture (Uma jornada multicultural: aprendendo uma nova língua com sincero interesse em outra cultura), a estudante Bárbara Rafaela da Silva Machado, do curso de engenharia mecânica da UFMG, conquistou o direito de representar a Universidade em fórum realizado na Northeastern University, em Boston, e em encontro especial na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O concurso de textos acadêmicos Many Languages, One World foi promovido pela ELS Language Centers e pela United Nations Academic Impact (Unai). Os 60 estudantes universitários participantes foram selecionados entre mais de 2 mil candidatos de 27 países e representaram, ao todo, 57 universidades ao redor do mundo.
Para conquistar o direito de discursar na Assembleia Geral da ONU, Bárbara apresentou texto acadêmico que discute o papel da habilidade multilingual no entendimento cultural do mundo globalizado. Como regra do concurso, o texto e a entrevista deveriam ser feitos em uma língua que não fosse a materna do candidato, e Bárbara optou pelo inglês.
Depois de selecionada, a estudante passou dois dias nos Estados Unidos, onde se reuniu com os outros estudantes e preparou discurso que contemplasse planos de ações relacionados à agenda de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030.
“Meu discurso foi sobre a meta 17, que prega ‘Paz, justiça e instituições inclusivas’. Falei por dois minutos sobre como essa meta está relacionada à realidade brasileira, abordando a associação da alta taxa de homicídios violentos entre os jovens do nosso país à evasão escolar”, conta.
Seu desempenho foi tão elogiado, que a estudante da UFMG foi convidada para fazer, também, o discurso de encerramento do evento. “Fiquei muito feliz por ter sido reconhecida. Além disso, a emoção era muito grande, pois pude falar no púlpito onde já estiveram personalidades como o Papa Francisco, [o ativista negro e ex-presidente da África do Sul] Nelson Mandela e o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.”
A estudante acrescenta que a experiência de conviver com 59 estudantes de outros países mudou a sua vida. “Me tornei uma pessoa melhor porque compartilhei dez dias com pessoas de todas as partes do mundo, e isso gera um crescimento pessoal imensurável. Conflitos por causa de cor, sexo e território só ocorrem porque as pessoas são intolerantes. Cada um pode fazer a sua parte para termos um mundo mais pacífico”, explica.
Apoio da universidade
Bárbara conta que as oportunidades oferecidas pela UFMG foram essenciais para que ela conseguisse a vaga para o fórum. Antes de se inscrever no concurso, a estudante cursou a disciplina Inglês para Fins Acadêmicos, que é oferecida pela Faculdade de Letras (Fale), com o apoio da Diretoria de Relações Internacionais da UFMG (DRI). Ela conta que a disciplina lhe deu a segurança necessária para se inscrever.
“Eu nunca fiz curso particular de inglês e nunca havia tido a oportunidade de praticar a língua. Sem a disciplina Inglês para Fins Acadêmicos, ministrada pelo professor Erick Gomez, e sem a ajuda do professor Leonardo Nunes, da Faculdade de Letras, que corrigiu meu texto, eu não teria conseguido”, diz.
Nascida em Abaeté, cidade do interior de Minas Gerais, Bárbara conta que foi criada pela mãe, que trabalhava como empregada doméstica. Ela frequentou escola pública na maior parte de sua vida, até conseguir uma bolsa de estudos em um colégio particular da cidade, justificada pelo seu bom desempenho escolar. A estudante conta que sempre participou de muitas atividades extracurriculares e que isso também a ajudou a escrever um bom texto para a seleção do concurso.
“Eu praticava esportes, participava do grêmio estudantil e me envolvia em muitas atividades. Quando fui aprovada para o curso de Engenharia Mecânica na UFMG, isso não mudou. Aqui eu faço parte da empresa júnior e sou assistente de pesquisa em laboratório. Essas atividades todas me deram repertório para participar do concurso. Aqui na UFMG aprende-se muito fora da sala de aula, e isso é muito importante”, conclui.