Andréa Silveira toma posse como diretora do HC
Professora da Faculdade de Medicina inicia gestão de quatro anos; vice é o pediatra Alexandre Rodrigues Ferreira
A professora Andréa Maria Silveira e o professor Alexandre Rodrigues Ferreira tomaram posse nesta quarta-feira, 12 de setembro, como diretora e vice-diretor do Hospital das Clínicas (HC-UFMG), para a gestão 2018-2022. Andréa Silveira foi empossada também superintendente do Hospital no âmbito da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Inspirada por apresentação do Coral Ars Nova na comemoração dos 91 anos da UFMG, a nova diretora lembrou que cuidar da saúde, ensinar, aprender e produzir conhecimento novo em uma instituição tão complexa exige o aporte de diferentes saberes de pessoas que buscam articulação e sintonia. “Como em um coral, aqui no HC, a beleza e a grandeza só são apreendidas no coletivo”, disse.
Andréa Silveira se referiu ao “espírito do HC-UFMG”, que, segundo ela, é movido pela “convicção de que um país civilizado se constrói com um sistema público de saúde de acesso universal e equânime e de que o HC ocupa um lugar insubstituível e inegociável na edificação deste sistema. É movido também pela convicção de que não se constrói uma nação sem educação e que no nosso país a universidade pública e gratuita ocupa um lugar também inegociável. O Hospital integra essa Universidade.”
A nova diretora destacou ainda que a cerimônia de posse, mais que festejar, servia para reafirmar compromissos e valores, “muito mais profundos do que aqueles expressos na publicação do Diário Oficial”. Andréa Silveira prometeu cuidar para que o HC-UFMG “não saia da trilha virtuosa que vem seguindo nos últimos 90 anos, cuidar dessa obra coletiva que hoje é um grande patrimônio do Brasil”.
Marcas superadas
A professora Luciana de Gouvêa Viana, que deixa o cargo de diretora e superintendente do Hospital das Clínicas, ressaltou que as ações da gestão que se encerra foram pautadas em plano estratégico aprovado pelas comunidades interna e externa. “Em quatro anos, extinguimos os vínculos trabalhistas irregulares, equacionamos o endividamento institucional e restabelecemos a parceria e a credibilidade com uma enorme cadeia de fornecedores”, disse. “O HC passou a superar, continuamente, suas marcas na produção assistencial, no ensino, na pesquisa, na extensão.”
Entre diversas realizações, em todas as áreas, Luciana destacou que o Hospital ultrapassou a marca de 93% de desempenho frente às metas pactuadas com o gestor local do SUS, a Secretaria Municipal de Saúde. “Há que se registrar também o retorno à sociedade com a oferta de um número cada vez maior de procedimentos, sem abandonar a busca contínua pelas melhores e mais seguras práticas na atenção à saúde”, enfatizou. Segundo a gestora que fazia sua despedida, o HC tem sido bem-sucedido em fazer o “ajuste entre as demandas sanitárias da população de Minas Gerais e as do ensino de graduação e pós-graduação, marcadamente dos programas de residência em saúde.
O secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, disse que o Hospital das Clínicas é uma referência para o Brasil em todos os aspectos. “A instituição é a prova irrefutável de que a assistência não pode ser dissociada do ensino. É a prova de que, para o nosso país crescer, é necessário investimento em pesquisa, inovação tecnológica, saúde e educação."
Após afirmar que o Hospital das Clínicas da UFMG "sempre foi uma inspiração para a nossa rede de Hospitais Universitários, no ensino, na pesquisa, na extensão e na gestão", o presidente da Ebserh, Kleber de Melo Moraes, lembrou que o grande diferencial dessas instituições é a produção do conhecimento que é posto à disposição da população brasileira por meio de serviços de atenção à saúde. "Muitas vezes, somente os hospitais universitários ofertam esses serviços em suas cidades ou em seus estados. Esse é o caso do Laboratório de Reprodução Assistida do HC-UFMG que, juntamente com o Laboratório da Maternidade Januário Cicco da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é um dos poucos centros de reprodução assistida do nosso país."
'Devagar depressa dos tempos'
Em seu pronunciamento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou que o Hospital das Clínicas foi concebido como uma unidade especial da UFMG e continua a ser, conforme preconiza o seu estatuto. Desde 2013, a gestão do HC está a cargo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em decisão referendada pelo Conselho Universitário. "São duas realidades diferentes que precisam conviver nesses períodos de mudança 'no devagar depressa dos tempos'", afirmou a reitora, citando o escritor Guimarães Rosa, que aludia à ambiguidade da velocidade das mudanças, cujo ritmo depende da percepção que cada um tem do tempo.
A reitora também lembrou a coincidência das trajetórias da UFMG e do Hospital das Clínicas. UFMG completou 91 anos no último dia 7; o HC, por sua vez, comemorou 90 anos em agosto último. "Essa simultaneidade de datas comemorativas mostra a relevância do hospital para a própria constituição do ethos da UFMG: uma universidade e um hospital de qualidade e de referência para o país. E de inegável relevância para a comunidade à qual prestam necessários serviços", ressaltou a reitora.
Sandra Goulart Almeida agradeceu à professora Luciana Gouvêa, a qual definiu como "companheira em momentos não tão fáceis nessa história de transformações recentes", e expressou boas-vindas aos professores Andréa Silveira e Alexandre Ferreira, "já parceiros nessa travessia". E defendeu que a Administração Central da UFMG e as direções da Ebserh e do Hospital das Clínicas trabalhem "para fortalecer as parcerias com os gestores públicos, para a imprescindível integração entre universidade, hospital universitário, serviços e comunidade, assumindo responsabilidades mútuas e promovendo o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão articuladas com o Sistema Único de Saúde, com base nas necessidades sociais e na promoção do desenvolvimento regional".
Por fim, a reitora da UFMG reafirmou seu compromisso com a defesa da universidade pública e dos hospitais universitários de referência de qualidade e recorreu ao sociólogo francês Pierre Bourdieu para exaltar o papel da instituição universitária. "A universidade é um lugar, talvez o único, de confrontação crítica entre as gerações, um lugar de experiências múltiplas, afetivas, políticas, artísticas, por completo insubstituíveis."
Trajetórias
Professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Andréa Silveira é graduada em Medicina, com residência em Medicina Preventiva e Social, mestrado em Sociologia e doutorado em Sociologia e Política pela mesma universidade. Atua como docente nas disciplinas Saúde do Trabalhador, no curso de Medicina, e Saúde e Trabalho, no de Gestão em Serviços de Saúde. Também leciona no Mestrado Profissional de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência e no Programa de Pós-graduação em Sociologia. Foi diretora técnica do Hospital das Clínicas.
Graduado em Medicina pela UFMG, com residência em Pediatria e em gastroenterologia pediátrica, Alexandre Ferreira fez mestrado e doutorado em Ciências da Saúde (Saúde da Criança e do Adolescente), também na Universidade. Especializou-se em Gestão de Hospitais Universitários Federais do SUS, pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Foi gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFMG e é colaborador da Sociedade Brasileira de Pediatria. Atua como orientador pleno na pós-graduação da Faculdade de Medicina.