Aplicativo vai apoiar jovens com deficiência intelectual
Trabalho desenvolvido na pós-graduação em Enfermagem pode ser utilizado por profissionais da saúde e da educação
A psicóloga e pesquisadora Elaine Custódio Rodrigues Gusmão desenvolveu, em sua tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Paraíba, um aplicativo projetado para auxiliar profissionais a identificar habilidades adaptativas práticas, sociais e conceituais de crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual (DI) e, assim, realizar um melhor trabalho de apoio para esses jovens. Segundo ela, o app, que leva o nome de Autonomy – a ideia é salientar a importância da autonomia para os jovens com DI –, está direcionado para o cuidado tanto na área de saúde como na de educação.
Elaine explica que a deficiência intelectual compreende limitações nas habilidades mentais relacionadas à inteligência, ao raciocínio, à resolução de problemas e ao planejamento, entre outras. Pessoas com DI enfrentam entraves e barreiras em capacidades adaptativas e têm maior dificuldade em compreender, aprender e aplicar informações e tarefas, novas ou complexas. Apesar disso, essas pessoas têm plena capacidade de desenvolver e aprender habilidades comuns às pessoas sem a deficiência, com os devidos apoio e direcionamento.
A pesquisadora enfatiza que o Autonomy pode auxiliar os profissionais no diagnóstico das habilidades adaptativas, pois ele identifica as atividades que as crianças e adolescentes com DI fazem sozinhos ou com ajuda, assim como as atividades instrumentais da vida diária, sociais e escolares que esses jovens costumam realizar. “A partir dessa avaliação, os profissionais da saúde e/ou da educação poderão elaborar planos de intervenção que estimulem o desempenho de tais habilidades de modo mais autônomo”, reforça.
O Autonomy é destinado à utilização com crianças e adolescentes com DI na faixa etária entre 6 a 19 anos e possibilita, ao final das etapas propostas, verificar o nível de autonomia em relação às atividades desenvolvidas. Por meio do app, é possível a aplicação de questões representadas por imagens/figuras em que a criança ou o adolescente escolhe as opções sobre como realiza determinadas atividades básicas da vida diária, atividades instrumentais da vida diária, atividades sociais e atividades escolares. De acordo com Elaine, a escolha por trabalhar com figuras se deu para facilitar o entendimento, já que o Autonomy pode ser aplicado em jovens sem a habilidade de leitura e escrita.
'Toque na sua resposta'
“Nós vamos fazer uma atividade bem diferente hoje, preciso que você se concentre na fala da pessoa, nas figuras que vão aparecer e toque na sua resposta. Algumas respostas você terá que tocar em uma carinha. A carinha sorridente indica a resposta sim e a carinha triste indica a resposta não”, instrui o aplicativo para que os profissionais conversem com as crianças e adolescentes que utilizam o Autonomy.
O aplicativo estará disponível para o público ainda neste semestre. “Como sou professora e um dos estágios que supervisiono é na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), vou começar a utilizar o aplicativo para sondar as habilidades e montar planos interventivos”, comenta a pesquisadora. Além disso, ela afirma que pretende realizar outras pesquisas que visem de forma direta a questão da avaliação psicológica.
A psicóloga comenta que a experiência do planejamento e desenvolvimento do aplicativo foi muito gratificante. “A maioria interagiu muito bem. Um caso interessante foi o de algumas crianças com paralisia cerebral que não falavam, mas ficaram animadas com o som e as figuras do aplicativo e respondiam através das mães. Estar com as pessoas com deficiência intelectual é sempre um momento rico e de muito aprendizado”, conclui.
Tese: Construção e validação de um aplicativo de identificação das habilidades adaptativas de crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual
Autora: Elaine Custódio Rodrigues Gusmão
Orientadora: Tânia Couto Machado Chianca
Defesa: 26 de março de 2019, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem