Extensão

Campanha divulga dados sobre violências contra população de rua

Iniciativa de observatório vinculado ao Programa Polos de Cidadania da UFMG vale-se de dados do Disque 100; pessoas negras são as maiores vítimas

Moradores de rua fazem fila na Praça da Sé, em São Paulo, para receberem alimentos
Moradores de rua fazem fila na Praça da Sé, em São Paulo, para receber alimentos: dados compreendem o período de 2020 a 2024Foto: Paulo Pinto | Agência Brasil

Informações de violências cometidas contra as pessoas em situação de rua, extraídas e analisadas de registros do Disque 100, estão sendo divulgadas, desde 20 novembro (Dia da Consciência Negra), pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, vinculado ao Programa Polos de Cidadania da UFMG, e o Movimento Nacional da População em Situação de Rua. A divulgação, que ocorre no âmbito da campanha 100 violência, se encerra nesta segunda-feira, dia 25.

A coleta abrange o período de 2020 a 2024, quando foram registradas 36.265 violências praticadas contra a população em situação de rua, majoritariamente negra. De cada 10 pessoas em situação de rua no Brasil, sete são negras. Os dados estão disponíveis no perfil do Polos de Cidadania no Instagram.

Alguns dados

18.730 registros de violências contra pessoas negras em situação de rua;
8.858 registros de violências contra pessoas brancas em situação de rua;
4.482 registros de violências contra pessoas em situação de rua apresentaram erros ou nulidades;
3.946 registros de violências contra pessoas em situação de rua não informaram cor/raça;
165 registros de violências contra indígenas em situação de rua e 84 pessoas de cor/raça amarela.

Observatório da População de Rua
O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua foi criado em dezembro de 2021 no âmbito do Programa Polos de Cidadania da UFMG, que desenvolve ações e projetos diversos de extensão, ensino e pesquisa social aplicada em direitos humanos com populações vulnerabilizadas, como as pessoas em situação de rua

Um de seus principais objetivos é a análise, a produção e a divulgação sistemática de dados, informações e conhecimentos referentes ao fenômeno da população em situação de rua no Brasil. O Observatório tem sua origem no projeto de extensão e pesquisa Incontáveis, vinculado à Plataforma Aberta de Atenção aos Direitos Humanos (PADHu), concebido em março de 2020, em diálogo com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua e a Pastoral Nacional do Povo da Rua.

Sobre o Polos de Cidadania
O Polos de Cidadania (Polos) é um programa transdisciplinar e interinstitucional de extensão, ensino e pesquisa social aplicada, criado em 1995, na Faculdade de Direito da UFMG, para a efetivação dos direitos humanos e a construção de conhecimento amparadas no diálogo entre os diferentes saberes.

O Polos-UFMG tem organizado seus projetos com base nas Plataformas de Conhecimento, Atuação e Comunicação em Direitos Humanos, envolvendo pesquisadores-extensionistas vinculados ao ensino técnico (Teatro Universitário) e às graduações e pós-graduações da UFMG de várias áreas do conhecimento – Direito, Psicologia, Teatro, Ciência da Computação, Estatística, Ciências Sociais, Ciências do Estado, Arquitetura e Urbanismo, Gestão Pública, Enfermagem, Medicina, Geografia, Administração e Comunicação Social.

O Disque 100
O Disque Direitos Humanos – Disque 100 é um serviço de utilidade pública do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania destinado a receber demandas relativas a violações de direitos humanos, especialmente as que atingem populações em situação de vulnerabilidade social.

Ao serviço também cabe disseminar informações e orientações acerca de ações, programas, campanhas, direitos e de serviços de atendimento, proteção, defesa e responsabilização em Direitos Humanos disponíveis nos âmbitos federal, estadual e municipal e do Distrito Federal.

O serviço funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo feriados. Por meio dele, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania recebe, analisa e encaminha aos órgãos de proteção e responsabilização as denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, população LGBTQIA+, população em situação de rua, povos indígenas, quilombolas, ciganos, entre outros grupos.