Conselho Universitário manifesta-se sobre fatos ocorridos na Fafich
Em nota, órgão declara que instituição está colaborando com as autoridades para o combate às drogas e conclama comunidade a “enfrentar um grave problema que atinge toda a sociedade”
O Conselho Universitário da UFMG, órgão máximo de deliberação da Universidade, emitiu nota decorrente da última reunião, realizada na semana passada, em que esclarece fatos ocorridos no dia 22 de maio, quando a Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu mandados de busca, apreensão e prisão que resultaram na detenção de pessoas suspeitas de tráfico de drogas nas dependências da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Nenhuma das pessoas detidas foi identificada como membro da comunidade universitária.
A nota esclarece que a Universidade está em contato com as autoridades para acompanhar o processo de apuração dos fatos e que “a Administração Central dará o apoio necessário para a implementação das medidas aprovadas pela Congregação da Fafich".
Afirma ainda que “em cooperação com as autoridades competentes e com a necessária e importante participação das associações estudantis, entidades legítimas de representação discente, e de outros órgãos de representação da comunidade universitária, a UFMG busca, coesa, enfrentar um grave problema que atinge toda a sociedade, cuja solução requer políticas públicas efetivas e ações devidamente articuladas”.
Consoante ao posicionamento da Administração Central, que, logo após os fatos, manifestou-se pela disposição da Instituição em cooperar com as autoridades, a nota do Conselho Universitário “reitera que a UFMG não pactua com práticas ilegais e que ferem a dignidade humana” e “expressa ainda o compromisso institucional da Universidade pública com o reconhecimento dos direitos humanos e com a prática dos valores democráticos, e conclama toda a comunidade à convivência sempre respeitosa, responsável e pacífica, bem como ao permanente empenho pela construção de espaços sociais e acadêmicos saudáveis e seguros”.
Leia a íntegra da nota:
Administração Central aciona governo do Estado
Na última sexta-feira, a Administração Central da UFMG enviou, em caráter de urgência, ofício ao governador, Romeu Zema, ao vice-governador, Paulo Brant, à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp/MG) e à Polícia Civil de Minas Gerais solicitando reunião para “discutir propostas de ações conjuntas para o enfrentamento de um grave problema que atinge toda a sociedade e cuja solução requer políticas públicas efetivas e atitudes devidamente articuladas”.
A Administração Central esclarece, ainda, que, até o momento, não há registro de que laboratórios de química estejam sendo usados indevidamente. De acordo com o professor Ruben Dario Sinisterra Millán, chefe do Departamento de Química, é improvável que laboratórios do Departamento sejam usados para o processamento de drogas ilícitas. Segundo ele, há controle de acesso por meio de catracas, e a entrada nos ambientes é inspecionada por servidores – docentes e técnicos administrativos. Os espaços ficam fechados quando não estão sendo utilizados durante aulas práticas.
Ações planejadas
Já existe uma comissão do Conselho Universitário, presidida pelo professor Maurício Campomori, diretor da Escola de Arquitetura, que está discutindo os processos de uso e cessão dos espaços para as entidades estudantis. O objetivo do trabalho é regular e normatizar a utilização desses locais, situados dentro das instalações da Universidade.
Em ofício encaminhado ao Gabinete da Reitoria, o diretor em exercício da Fafich, professor Bruno Reis, deu conhecimento das ações que já começam a ser adotadas na unidade. De acordo com o documento, as chaves das portas dos centros acadêmicos serão trocadas, e os espaços permanecerão abertos somente quando dirigentes das entidades estiverem nos locais. Além disso, haverá revitalização e, “sobretudo, uma normalização administrativa dos espaços, para regularizar a atuação da representação discente”. As providências anunciadas também incluem limpeza, revalidação das permissões de uso dos espaços e novo registro de patrimônio dos bens.
Ainda segundo o ofício, a “Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG vem reiterar seu pleno engajamento na completa apuração dos fatos ocorridos e permanece à inteira disposição da Reitoria e demais autoridades para qualquer esclarecimento ou providência ao seu alcance".