'Corona repórter' divulga dados atualizados da Covid-19 no Twitter
Desenvolvido pela UFMG em parceria com a USP, robô compila informações de órgãos governamentais em tempo real
Foi lançado, nesta semana, um novo serviço de divulgação de dados da Covid-19 no Brasil, veiculado, em tempo real, pelo microblog Twitter. Trata-se do Corona repórter, desenvolvido pelo Laboratório Experimental de Tradução (Letra), da Faculdade de Letras, em parceria com o Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos da Universidade de São Paulo (USP), para funcionar como uma espécie de robô jornalista. A ferramenta capta permanentemente as informações divulgadas sobre a pandemia no Brasil e apresenta resultados com alto grau de atualização.
O robô, um sistema de geração de linguagem natural, alimenta-se essencialmente de dados vinculados a órgãos do governo brasileiro, que são relatados a organismos internacionais. O algoritmo explora o site de estatísticas WorldoMeter, que, por sua vez, compila dados abertos em diversos organismos. Sempre que há novas informações, ele automaticamente cria uma publicação no Twitter. A proposta da ferramenta é complementar o trabalho realizado pelo jornalismo tradicional, oferecendo uma ferramenta que tem a confiabilidade e a atualidade como vantagens.
“Ele tem uma velocidade e uma escalabilidade muito grandes para captar dados, bem superiores às de um jornalista humano. Não se trata de uma substituição, pois a avaliação sempre será feita pelo profissional, mas dispor dessa ferramenta pode contribuir muito para o jornalismo nesse cenário desafiador da pandemia”, justifica a professora Adriana Silvina Pagano, coordenadora do projeto no Letra.
Coleta, filtro e postagem
O protótipo do robô é resultado do trabalho de especialistas de áreas diversas –linguística aplicada, tradução, robótica e linguística computacional –, que criaram um produto com funcionalidade e qualidade comunicacional. Projetado para fazer automaticamente a coleta, o filtro e a postagem na rede social, o robô vale-se de algoritmo para reconhecer dados primordiais confirmados, como número de mortes e índice de crescimento da doença no país.
Além disso, ele foi programado com base em uma gramática desenvolvida pelo grupo da linguística para simular uma linguagem natural. “Em nosso laboratório, mesmo antes desse projeto, trabalhamos com uma equipe interdisciplinar, que reúne pesquisadores dedicados à produção da linguagem e outros focados na linguística computacional”, esclarece Adriana Pagano, que é especialista em Letras e Tradução e divide a coordenação dos trabalhos com o linguista computacional Thiago Castro Ferreira. Na USP, Fabio Gagliardi Cozman é o responsável pelo projeto.
A iniciativa faz parte de um projeto mais amplo de tradução automática e geração de linguagem natural da UFMG, que se desenvolve por meio de parcerias com a Escola de Enfermagem, as faculdades de Medicina e de Odontologia e o Instituto de Ciências Exatas. “Sempre tentamos propor iniciativas que ofereçam assistência à população em geral”, afirma Adriana Pagano. “Já tínhamos trabalhos na área da saúde, e essa situação [da pandemia] casou com o que vínhamos desenvolvendo."
Melhorias
Apesar de o robô estar em operação, a equipe que o desenvolveu já vislumbra aperfeiçoamentos. Um avanço que está sendo proposto é a ampliação do escopo da ferramenta para a captura de dados internacionais, possibilitando, assim, oferecer uma base informacional ainda mais diversificada.
A regularidade do processo de postagem também é um aspecto que pode ser melhorado. Como explica Adriana Pagano, ainda não existe uma frequência preestabelecida para as publicações, pois os próprios órgãos governamentais não consolidaram uma estabilidade de divulgação.
“O momento, apesar de lamentável, evidenciou que é nas universidades que devem ser recrutadas forças, com base em projetos já em curso. O trabalho em favor da sociedade sempre existiu, e estávamos preparados antes da crise. É exatamente por isso que a Universidade está respondendo tão bem a este momento de urgência e necessidade social", afirma a professora da Fale.
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