Extensão

Projeto de extensão pré-Enem prioriza formação humanística

Cursinho recebe inscrição de alunos até dia 27 e seleciona novos monitores

Parte da equipe dos colaboradores do Humanizar, projeto de extensão desenvolvido na Fafich/UFMG
Parte da equipe dos colaboradores do Humanizar, projeto de extensão desenvolvido na Fafich/UFMG Facebook Humanizar

Inserir o aluno de escola pública no ensino superior, principalmente em universidades federais. Esse foi o principal motivo que fez o cursinho Humanizar tomar forma, como conta Ana Paula Sampaio, professora do Departamento de História e coordenadora responsável pelo projeto de extensão. Com aulas para estudantes e egressos de escolas públicas do ensino médio, o Humanizar é um pré-vestibular gratuito, em que estudantes voluntários da UFMG oferecem preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

As aulas, que acontecem na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), começaram no início deste ano, com duas turmas. O corpo de professores é quase todo formado por alunos dos cursos de licenciaturas, que podem usar as horas de trabalho voluntário como créditos acadêmicos.  

Até sexta-feira, 27, estão abertas inscrições para a formação de mais uma turma, com início das aulas em agosto. Podem se inscrever estudantes ou egressos de escolas públicas com renda bruta mensal per capita de até 1,5 salário mínimo. A lista dos pré-selecionados será divulgada no dia 29. O projeto também está selecionando alunos da UFMG que desejem atuar voluntariamente como monitores. Mais informações estão disponíveis na página do Humanizar, onde também pode ser feita a inscrição para os processos seletivos.

Construir uma educação popular, na qual os alunos se sintam parte integrante do projeto, é uma das missões do Humanizar, destaca a coordenadora pedagógica Ana Flávia Mourão. Para tanto, o projeto procura manter amplo debate com os estudantes, ouvindo suas sugestões e anseios. “Dessa forma, eles se sentem mais engajados e participantes, estabelecendo vínculos, em um processo de aprendizagem horizontal, em que alunos e professores contribuem, na mesma proporção, na construção do conhecimento”, argumenta.

Contribuição cidadã

Doações permitiram a construção de uma biblioteca para os alunos
Doações permitiram a construção de uma biblioteca para os alunos Facebook Humanizar

Segundo Ana Paula Sampaio, a iniciativa de criar um cursinho baseado em trabalho voluntário surgiu dos próprios alunos da Universidade. Ela revela que recebeu a proposta com bastante emoção, uma vez que já atuara em iniciativas semelhantes quando ainda era aluna de graduação.

Além de lecionar os conteúdos que são cobrados no exame, o curso procura oferecer formação humanística. Há, por exemplo, uma disciplina em que são debatidas temáticas atuais que se refletem na vida dos estudantes, como questões sociais e políticas e seus possíveis desdobramentos. Segundo Romano Guimarães, um dos colaboradores do projeto, além de melhorar a capacidade de argumentação do estudante, competência essencial para a formulação de redações, o intuito é ensinar além do que é exigido pelo exame, com conhecimentos que ultrapassem os limites da sala de aula. 

Ana Flávia Mourão destaca que evitar a evasão é uma das preocupações. A coordenadora esclarece que muitos alunos relatam dificuldades em frequentar as aulas, devido ao custo das passagens de ônibus. A fim de atenuar o problema, o projeto está estabelecendo parceria com a ONG Equale, que trabalha com outras iniciativas de cursinhos voluntários, para oferta, no próximo semestre, de bolsas de apoio a alunos com essa necessidade. 

Todos os colaboradores revelam que esperam que seus alunos ingressem nos cursos da Universidade. “Estar inserido no ambiente acadêmico é mais um incentivo para que eles tentem entrar na UFMG”, pondera Ana Paula Sampaio.

João Paulo Alves