"Dezembro Laranja" chama a atenção para o câncer de pele
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de pele é aquele de maior incidência: corresponde a 27% de todos os tumores malignos, e mais de 185 mil pessoas são diagnosticadas com a doença por ano. O diagnóstico precoce, ou seja, na fase inicial da doença, garante mais chances de cura para o paciente, cerca de 90%. Por outro lado, quanto mais avançado o estágio, menores são as possibilidades de cura.
Dezembro marca a chegada do verão, e com ele uma maior incidência solar. Para reforçar a mensagem do cuidado com a pele, desde 2014, o último mês do ano também ganhou uma cor e ficou conhecido como o 'Dezembro Laranja'. A campanha é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que firmou o mês como um período para conscientização, informação e educação para a prevenção do câncer de pele. Para falar sobre o assunto, o Conexões recebeu o professor André Márcio Murad, oncologista, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e responsável pela introdução da disciplina de Oncologia no currículo do curso de Medicina na Universidade.
A Mortalidade pelo câncer de pele é relativamente baixa, em torno de 2000, 2300 óbitos por ano. A principal causa de morte é devido ao câncer melanoma, que é mais raro. Contudo, mesmo que a mortalidade por câncer de pele seja baixa, o fato de ser a maior parte dos casos diagnosticados da doença no território nacional já é suficientemente preocupante. "A grande maioria dos cânceres de pele estão no grupo do que chamamos de carcinomas basocelulares, que normalmente não matam mas podem trazer problemas estéticos, por exemplo. Como cirurgias extensas e mutilantes. O ideal é trabalhar com a prevenção”, alerta o professor André Murad.
Os cânceres de pele são classificados em três tipos. Representando cerca de 70% dos casos estão os carcinomas basocelulares. Esses cânceres começam na camada mais profunda da epiderme, conhecidas como células basais. Eles podem aparecer em áreas expostas ao sol como cabeça, pescoço, ou qualquer parte do corpo. Ele é reconhecido por protuberâncias de cor rosa brilhante, avermelhada, branco perolado ou transparente. Ele também pode aparecer como áreas descascadas, com coceira ou cicatrizes que não se fecham. O carcinoma basocelular tem crescimento lento e raramente se espalha, mas em pacientes que já tiveram esse tipo de câncer a doença pode reincidir. Já o carcinoma espinocelular ou escamoso, que representa 25% dos casos, tem origem na camada mais superficial da epiderme. Ele geralmente ocorre em áreas expostas como rosto, orelhas, lábios, pescoço e dorso das mãos, com uma frequência menor aparece na pele dos genitais. O seu diagnóstico pode ocorrer também após feridas e cicatrizes que demoram a fechar. Ele se parece com verrugas que crescem ou manchas persistentes que geram escamas. O câncer espinocelular eventualmente pode se espalhar e gerar metástase. Os 5% dos casos restantes identificados são os melanomas, que são os mais graves. Os melanomas podem gerar metástase e a morte, mas a grande maioria dos casos são curáveis. Os melanomas são identificáveis por pintas que começam a crescer, ter variação de cor, coçar e até mesmo sangrar. A dica do professor é ficar atento à aparência das pintas e traçar uma linha ou reta no meio da pinta, pintas saudáveis normalmente têm as duas extremidades similares. E, sem duvidas, procurar um médico é a melhor medida.
Como a maior causa dos cânceres de pele é a exposição ao sol, a indicação é que se use sempre protetor solar, no rosto e corpo, mesmo em tempo nublado. E lembrar também de protetores para o couro cabeludo, como chapéus. Além disso, evitar exposição prolongada ao sol das 10:30 às 15:30.
Sobre a Campanha Dezembro Laranja, as ações estão detalhadas na página da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Produção: Jaiane Souza e Luíza Glória
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Luíza Glória