Dia Mundial do Refugiado: Rádio UFMG Educativa discute o tema em duas entrevistas
Assessora da Conectas Direitos Humanos abordou o número recorde de 100 milhões de refugiados no mundo; fundadora do Coletivo Cio da Terra refletiu sobre as ações do grupo
Nesta segunda, 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado, a Acnur, agência da ONU dedicada à causa, destaca a seguinte mensagem: “Seja quem for, seja quando for, seja onde for: todas as pessoas têm direito a buscar proteção”. Neste 2022, o cenário com o qual lidamos é complexo, com o número de pessoas deslocadas forçosamente em todo o mundo devido a perseguições, conflitos, violência, violações dos direitos humanos ou eventos que perturbaram a ordem pública chegando a um novo recorde. De acordo com a Acnur, o total chegou a 100 milhões neste ano. A Agência divulgou esses dados em detalhes na última quinta, 16, no relatório Tendências Globais: deslocamento forçado 2021, que inclui tanto o diagnóstico encontrado em dezembro do ano passado quanto a atualização de casos até maio deste ano.
Os deslocamentos foram bastante impulsionados pela Guerra na Ucrânia, que forçou 8 milhões de pessoas a deixarem suas casas e buscarem outros locais dentro do próprio país e mais de 6 milhões a largarem a pátria atrás de outros destinos para garantir a própria segurança. A situação tem ganhado destaque em virtude da rapidez, volume de pessoas e importância geopolítica da região. Entretanto, não podemos desconsiderar o peso de conflitos em outros países como Afeganistão, Etiópia, Mianmar, Nigéria, Iêmen e Venezuela, só para citar alguns. O documento também ressalta a representatividade das crianças nesse quadro. Mesmo sendo 30% da população mundial, entre as pessoas deslocadas mundialmente elas estão presentes em uma proporção maior: 42%.
No Brasil, o tema também merece atenção. O país que tinha mais de 57 mil pessoas refugiadas reconhecidas ao final de 2020, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), é o mesmo em que se deu o emblemático assassinato do refugiado congolês Moïse Kabagambe em janeiro deste ano. Para refletir sobre o Dia Mundial do Refugiado, a situação dos deslocamentos forçados no mundo, os fatores que levaram à alta inédita e analisar o cenário brasileiro, o Conexões desta segunda, 20, apresentou entrevista com assessora do Programa de Fortalecimento do Espaço Democrático da ONG Conectas Direitos Humanos, Marina Rongo.
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória:
O Dia Mundial do Refugiado também foi tema de reflexão da mulher peruana, moradora de Belo Horizonte há 15 anos, fundadora do Coletivo Cio da Terra, onde atua como coordenadora da Área de Saúde Integral, além de fazer parte da Comissão de Migração, Refúgio, Tráfico de pessoas e Subjetividade do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Laura Queslloya. Ela também conversou sobre as atividades do coletivo fundado há 5 anos em Belo Horizonte que é referência para mulheres migrantes, refugiadas e apátridas na capital e na região metropolitana.
A organização atua no acolhimento e orientação dessas mulheres com base na sororidade, no objetivo de fortalecê-las do ponto de vista individual, mas principalmente, como grupo integrado. O Cio da Terra é estruturado em diversas áreas, que oferecem atendimento e acompanhamento social bilíngue, capacitações, iniciativas para geração de renda e ingresso no mercado de trabalho. As atividades também envolvem aulas de português, ações culturais, promoção da saúde, formação sociopolítica e enfrentamento à violência.
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória:
Mais informações sobre o relatório Tendências Globais: deslocamento forçado 2021 e o documento completo, em inglês, estão no site do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Para acompanhar o trabalho do Conectas Direitos Humanos, visite a página da ONG. O Coletivo Cio da Terra divulga suas ações por meio do Instagram.
Para aprofundar o debate sobre o tema, você pode escutar uma entrevista realizada no Conexões em abril deste ano sobre como a chegada de ucranianos reacendeu a discussão em relação aos refugiados no Brasil. A conversa foi com a professora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Melo, da Acnur, na Universidade, Carolina Moulin Aguiar e pode ser acessada aqui.
Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas