Dossiê subsidiará tombamento de Bento Rodrigues como sítio de memória sensível
Trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da Escola de Arquitetura e entregue ao Ministério Público de Minas Gerais
Localizado a 24 quilômetros do município de Mariana (MG), Bento Rodrigues, subdistrito de Santa Rita Durão, foi o primeiro local atingido pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. A tragédia praticamente varreu a comunidade do mapa, e sua memória tornou-se referência para compreender a ideia de crime ambiental no Brasil. Pesquisadores da Escola de Arquitetura da UFMG desenvolveram, ao longo de três anos, uma densa pesquisa no local, que resultou na produção de dossiê que contribuirá para o tombamento de Bento Rodrigues como sítio de memória sensível.
Segundo o professor Leonardo Castriota, que coordena o trabalho e preside o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o valor de um patrimônio foi atrelado, durante muito tempo, apenas à sua materialidade e a situações vitoriosas ou felizes. No entanto, também é importante preservar as memórias dolorosas decorrentes de acontecimentos traumáticos, como é o caso daquela se formou a partir do rompimento da barragem em Bento Rodrigues.
A produção do dossiê envolveu cerca de 30 pesquisadores, entre alunos de mestrado e de doutorado de diferentes cursos da UFMG. Elaborado em conjunto com a população, o documento reúne mais de 400 páginas com fotos, depoimentos, dados e análises realizadas pelos autores e foi entregue ao Ministério Público de Minas Gerais, em 24 de maio.
Entrevistados: Giselle Ribeiro, coordenadora das Promotorias de Defesa do Patrimônio Cultural do Ministério Público de Minas Gerais, e Leonardo Castriota, professor do Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura da Escola de Arquitetura.
Equipe: Larissa Costa (produção), Frederico Gandra e Leonardo Milagres (reportagem), Antônio Soares e Cássio de Jesus (imagens), Otávio Zonatto (edição de imagens) e Pablo Nogueira (edição de conteúdo).