'É preciso profissionalizar a carreira docente', defende especialista
Falta de valorização da carreira e baixa procura pelas licenciaturas são debatidos em congresso sobre inovação no ensino superior
Como tornar a carreira docente mais atrativa e estimular que mais alunos optem pelas licenciaturas? O assunto é discutido até sexta-feira, 10, na UFMG, na terceira edição do Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior, organizado pela Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (GIZ).
A procura pelas licenciaturas vem caindo no Brasil nos últimos anos, apesar da oferta de 6,5 mil programas de formação de professores. Entre 2010 e 2016, os bacharelados cresceram 28%, enquanto as licenciaturas tiveram uma queda de 5%, revela o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2017.
Um dos motivos apresentados para essa baixa procura tem a ver com a desvalorização da carreira, principalmente na rede pública. Um professor de escola pública ganha em média 36% a menos do que um docente de escola privada.
"Não é só vocação. É preciso profissionalizar a carreira. Para isso, melhores salários e condições de trabalho são fundamentais. E cuidar da saúde mental e física desse professor, para que ele tenha uma perspectiva de melhoria ao longo da carreira e possa inclusive interferir nas políticas públicas", defendeu Nara Maria Pimentel, professora da Universidade de Brasília, durante o encontro na UFMG.
Para Eucidio Pimenta Arruda, diretor do GIZ e professor da UFMG, as avaliações governamentais estão mais preocupadas em formar professores do que tornar a carreira docente mais atrativa. "Faltam pessoas interessadas em se tornar professor e investir na carreira docente", afirma.
Reportagem veiculada no Jornal UFMG desta quinta-feira, 9 de novembro de 2017.