Arte e Cultura

Elza Soares, ícone da música popular brasileira, morre aos 91 anos

Programa Conexões presta homenagem a uma das maiores cantoras de sua geração

“Toda intérprete que hoje se permite ousar no repertório, ou toda intérprete afrobrasileira que faz a exaltação da sua negritude, traz um pouco da Elza Soares”, defende crítico musical Sérgio Martins
“Toda intérprete que hoje se permite ousar no repertório, ou toda intérprete afrobrasileira que faz a exaltação da sua negritude, traz um pouco da Elza Soares”, defende crítico musical Sérgio Martins Pedro Dimitrow/Divulgação


Aos 91 anos, após mais de sete décadas de carreira, morreu nessa quinta-feira, 20, a cantora Elza Soares, ícone da música popular brasileira e uma das maiores cantoras de sua geração. Do Rio de Janeiro para o mundo, Elza Soares começou sua carreira nos concursos de rádio das décadas de 1950 e 1960. Após assinar seu primeiro contrato, a cantora teve a oportunidade de se apresentar na TV e fazer turnês pela América do Sul, do Norte e da Europa. Seu primeiro disco, Se Acaso Você Chegasse, foi lançado em 1960 e foi bem recebido pelas rádios e pelo público. 

Aos poucos, Elza subiu a escada do sucesso e se destacou como uma das principais representantes do samba carioca. Ao longo da carreira, lançou mais de 30 discos, flertando também com o jazz, a música eletrônica, o funk e o rock, mas sempre abordando temas como o preconceito racial e o feminismo em suas letras. Em 1999, Elza foi eleita a cantora brasileira do milênio pela rádio BBC de Londres, além de aparecer na lista de 100 maiores vozes da música nacional da Rolling Stone Brasil. Seu último álbum, Planeta Fome, foi lançado em 2019. Também em 2019, em maio, Elza Soares recebeu da Câmara Municipal de Belo Horizonte o título de Cidadã Honorária da capital mineira. 

Em homenagem à vida, carreira e ao legado de Elza Soares, o programa Conexões desta sexta-feira, 21, recebeu o jornalista e crítico musical Sérgio Martins, que contou um pouco mais sobre o início da jornada da cantora na música e sua ascensão no mercado. O convidado também falou sobre os passeios da artista por gêneros diversos e sua capacidade de empregar seu talento em todos eles. “Como poucas artistas no Brasil, a Elza foi uma pessoa que nunca teve medo de ousar, nunca teve medo de experimentar. E acima de tudo, ela o fazia porque ela gostava, não porque era moda ou porque ficava bem, e se entregava por completo”, afirmou o crítico. 

O jornalista contou sobre as dificuldades enfrentadas por Elza antes e depois de ser reconhecida no universo musical, a maneira como manifestava temas difíceis relacionados à sua trajetória em suas próprias canções e sobre sua relação com sua família. Sobre seu legado, Martins defendeu que um de seus ensinamentos mais importantes é o de que os intérpretes não podem ser estigmatizados num estilo só. “Toda intérprete que hoje se permite ousar no repertório, ou toda intérprete afrobrasileira que faz a exaltação da sua negritude, traz um pouco da Elza Soares”, completou o crítico.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Elza Soares teve a morte atestada por causas naturais e será velada no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, com cerimônia aberta ao público, nesta tarde. A Rádio UFMG Educativa presta sentimentos à família da cantora. 

Produção: Carlos Ortega, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael