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“Escrevi para o leitor, não foi uma catarse”, afirmou escritor transexual João W. Nery

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, primeira pessoa trans a realizar intervenções cirúrgicas para readequação sexual no Brasil concedeu entrevista ao programa Universo Literário

João W. Nery, autor de 'Viagem Solitária – Memórias de um transexual 30 anos depois', lançado em 2011
João W. Nery, autor de 'Viagem Solitária – Memórias de um transexual 30 anos depois', lançado em 2011 Reprodução / Facebook

Os livros de autores transexuais existem, e em maior número do que se imagina. Um deles é a obra Viagem Solitária – Memórias de um transexual 30 anos depois, autobiografia do escritor João W. Nery. Ele, que hoje está com 67 anos, teve a infância e a adolescência conturbadas, até que, aos 27 anos, retirou seios, útero e ovários, sendo a primeira pessoa transexual a realizar intervenções cirúrgicas para a readequação sexual no Brasil.

João W. Nery passou a usar documentos falsos, o que invalidou seus diplomas e acabou com a possibilidade de dar aulas em faculdades. Autor de três livros, ele lançou, em 2011, a sua autobiografia.

“Eu sempre escrevi. Escrevia poesia. Depois comecei a escrever um diário. Aos 27 anos, enquanto me recuperava das cirurgias, comecei a escrever o meu primeiro livro autobiográfico, Erro de pessoa, porque eu queria documentar o que é a vida de um trans”, afirmou João W. Nery, em entrevista ao programa Universo Literário, da Rádio UFMG Educativa, nesta segunda-feira, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Segundo João W. Nery, a escrita desse livro foi motivada pelo desejo de registrar a própria história em uma época, em plena Ditadura Militar, em que não se falava sobre transexualidade. “Eu sabia que o meu depoimento precisava ser registrado e conhecido. Eu escrevi para o leitor, não foi uma catarse, um desabafo, foi mais uma necessidade de deixar registrada uma vida que precisava ser conhecida”, disse.

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