Maria José de Queiroz, catedrática da UFMG, é homenageada no Rio
Pesquisadores da Fale farão análises da obra da escritora em solenidade no Real Gabinete Português de Leitura
Atualmente residindo em Paris, na França, a escritora mineira Maria José de Queiroz, que integra a Academia Mineira de Letras e foi professora catedrática da UFMG, desembarcará no Rio de Janeiro para receber homenagem no Real Gabinete Português de Leitura (RGPL), nesta sexta-feira, 1º de dezembro, por seu aniversário de 80 anos. O evento será aberto às 16h, com entrada franca.
Na ocasião, será exibido o documentário Maria José de Queiroz: artesã da palavra, produzido pelo fotógrafo Lesle Nascimento, em 2013, e apresentado no 5º Colóquio Mulheres em Letras, na Faculdade de Letras da UFMG e na Academia Mineira de Letras. O filme é um registro audiovisual de depoimentos da escritora. Das quase 20 horas de depoimentos tomados de Maria José em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Paris, foram selecionados 37 minutos.
A professora de Literatura e Literatura Comparada da UFMG Lyslei Nascimento, que defendeu dissertação de mestrado sobre o romance Joaquina, filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz, comentará o documentário, e, a seguir, a professora do Real gabinete Ana Cristina Comandulli vai conduzir mesa-redonda com participação dos doutorandos da área de Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG Maria Lúcia Barbosa, André Souza Pinto, Késia Oliveira e Filipe Menezes.
Os pesquisadores abordarão obras como Joaquina, filha do Tiradentes – que deu origem à minissérie Liberdade, liberdade, exibida pela Rede Globo no ano passado –, Amor cruel, amor vingador (contos), publicada em 1996, Sobre os rios que vão (romance), que narra a história de uma família de origem búlgara e sefardita no interior do estado de São Paulo, e o conto 1789-1790, publicado em Como me contaram: fábulas historiais, em 1973.
Extensa e premiada trajetória
Nascida em Belo Horizonte, Maria José de Queiroz ensinou Língua e Literatura Hispano-Americana na Faculdade de Letras da UFMG, sucedendo a seu mestre e amigo Eduardo Frieiro. Aos 26 anos, tornou-se a mais jovem professora catedrática do Brasil. No exterior, foi professora convidada nas universidades Sorbonne, na França, e Harvard e Berkeley, nos Estados Unidos, entre outras.
Publicou mais de 30 livros, muitos deles premiados. Entre suas conquistas estão os prêmios Silvio Romero, de ensaio, da Academia Brasileira de Letras; o Othon Lynch Bezerra de Mello, de ensaio, da Academia Mineira de Letras; o Pandiá Calógeras, de erudição, da Biblioteca do Exército; o Luísa Cláudio de Souza, de romance, do PEN Clube do Brasil, e o Jabuti, de ensaio, pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2014, foi agraciada com o Troféu Eunice e Dilce Fernandes, outorgado pela Academia Mineira de Letras. Membro da Academia, ela sucedeu a Affonso Penna Júnior, na Cadeira 40, cujo patrono é o Visconde de Caeté.
Catedral da cultura portuguesa
Com 180 anos de existência completados neste ano, o Real Gabinete Português de Leitura é a associação mais antiga criada pelos portugueses do Brasil após a independência, em 1822. Sua sede, construída em estilo neomanuelino e inaugurada pela Princesa Isabel em 1887, guarda cerca de 350 mil volumes – boa parte, obras raras.
A biblioteca pública funciona como centro de estudos e polo de pesquisas literárias, dirigido e frequentado por professores universitários. Entre as obras raras do Real Gabinete figura um exemplar da edição princeps de Os Lusíadas, de 1572, magnum opus do poeta Luís Vaz de Camões. O Real Gabinete também possui em seu acervo o manuscrito do Amor de perdição, obra do também português Camilo Castelo Branco.
Organizam a homenagem as professoras Lyslei Nascimento, da UFMG, e Ana Cristina Comandulli, do Real Gabinete Português de Leitura.
Neste blog, é possível acessar boa parte da obra de Maria José de Queiroz. Veja também sua página na biblioteca digital Open Library.