Escritora sergipana Stella Carvalho estreia na poesia com “Kizila”
Obra explora tensionamentos entre a vida e a morte, o amor e a raiva, que representam a vivência da autora enquanto mulher trans e preta
Quatro poemas que se desdobram em dez partes cada um, assim o livro Kizila marca a estreia da pesquisadora, redatora e revisora Stella Carvalho no gênero poesia. Nascida em Itabuna e radicada em Sergipe, a autora trabalha com tensionamentos, especialmente entre a vida e a morte e o amor e a raiva. Os poemas “ariscos amores”, “arriscar cartas”, “podar dores” e “colher rosas” estabelecem uma relação de imprecisão com o espaço e o tempo e jogam com a exploração de lugares intermediários, como entre a escrita e a oralidade. No primeiro texto do livro, Stella escreve: “pratiquei/ hoje cantar amanhã o que daqui a/ dois dias cansei de vir”. A poeta também já escreveu “a mantenedora do ritual”, de montagem inteiramente artesanal e independente, com projeto gráfico de Luís Matheus Brito, que assina a orelha de Kizila. O livro é uma publicação da Edições Blague. Para mais informações sobre a obra e como adquirir um exemplar, acesse @edicoesblague. E para acompanhar o trabalho da autora Stella Carvalho, acesse o perfil dela em @afropatricinha.
O programa Universo Literário conversou com Stella Carvalho, que é poeta, negra e trans, pesquisadora, redatora e revisora.
"(Kizila) representa a contradição que é viver enquanto um corpo preto num país projetado para matar corpos pretos. A gente vive em um Brasil que tem, na sua política, uma gênese de morte a pessoas pretas. E, quando vivos, nós não temos uma vida plena de cidadania, de direitos. Então a morte é muito presenta nas nossas vidas o tempo todo, quanto, na verdade, esse corpo vibra muita vida, o tempo todo."
Ouça a conversa completa com a apresentadora Michelle Bruck: