Escutas acadêmicas precisam oferecer respostas mais efetivas
Espaços de acolhimento foram tema de conversatório na manhã desta quinta-feira
Humanização no acolhimento e a construção coletiva – com a participação dos colegiados – de soluções para as questões de escuta acadêmica, saúde mental e inclusão social na Universidade foram propostas em conversatório realizado na manhã desta quinta-feira, 17, no auditório da Reitoria.
A roda de conversa As Escutas acadêmicas na e da UFMG reuniu representantes dos espaços de acolhimento e escuta, estudantes e integrantes dos colegiados dos cursos de graduação e de pós-graduação. Também participaram o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira e as pró-reitoras de Graduação, Benigna Maria de Oliveira e de Extensão, Claudia Mayorga.
O vice-reitor Alessandro Fernandes enfatizou a preocupação da gestão atual com as questões de saúde mental e inclusão social. “Essa gestão está muito empenhada e alinhada com a Rede de Saúde Mental, que vem propondo e discutindo as políticas de saúde mental e inclusão com a comunidade. Estamos propondo uma série de ações, inclusive a estruturação das escutas. Vamos ‘ajudar quem pode ajudar’, e essa tarefa tem que ser construída com a comunidade”, pontuou.
A pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga, apresentou em linhas gerais a atuação da Rede de Saúde Mental e convidou a uma postura mais reflexiva sobre a temática do sofrimento mental. “Que universidade queremos construir? O que estamos entendendo sobre a inclusão de estudantes com perfis diferentes? E como incluir tudo isso no cotidiano?”. A professora reconhece que algumas ações da política de saúde mental exigem saberes especializados, mas asseverou que “há outras ações e propostas que exigem apenas uma postura ética”.
Para a servidora Maria das Graças Santos Ribeiro, da Assessoria de Escuta Acadêmica do Centro de Graduação (Cegrad) da Faculdade de Medicina, “os colegiados precisam ouvir e compreender o que fala a escuta acadêmica”. Ela também enfatizou a necessidade de formalizar o mal-estar dos alunos em ambas as instâncias – colegiado e escuta acadêmica – para que a Instituição conheça os problemas e possa mudar as circunstâncias.
A assistente social Lígia Nara, do serviço de escuta Fale com a FaE, da Faculdade de Educação, acredita que ainda falta efetividade para além da escuta. “É preciso dar encaminhamento e resposta a essa escuta”.
O crescimento da demanda, segundo a diretora do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), Adriana Valadão, também é impactado pela reserva de vagas, que alcança não apenas a graduação, mas todos os editais da pós-graduação.
O servidor Bruno Machado, do Serviço de Atenção ao Estudante de Letras (Sael), chamou a atenção para o tipo de demanda que o espaço acolhe atualmente. “Tivemos estudantes que chegavam ao colegiado ameaçando a própria vida. Questões delicadas como o suicídio precisam ser tratadas com a abordagem correta”, salientou.
A importância da humanização no acolhimento foi destacada por Paula Sousa, do Núcleo de Escuta da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). “A ideia é ter um ambiente de preocupação e acolhimento do estudante, pensando nele como um ser humano”, lembrando que apesar do foco nas questões acadêmicas , “aspectos pessoais sempre permeiam os atendimentos do núcleo, sendo necessário encaminhamento para as redes de apoio”.
Foi consenso entre os participantes a necessidade de realização de mais rodas de conversa com a presença dos diferentes núcleos de escuta, bem como dos colegiados e pró-reitorias.