Especialistas detalham plano diretor que vai conciliar dimensões territorial e ambiental na RMBH
Transformar a forma de ver as cidades, mesclando os elementos naturais com os construídos, no intuito de elaborar políticas públicas que primem pelo interesse geral metropolitano. Esse é, segundo a professora Heloísa Soares de Moura Costa, o objetivo central do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PDDI-RMBH), que foi detalhado nesta quinta durante a mesa-redonda Universidade e planejamento urbano/metropolitano.
“Conforme a proposta, a dimensão territorial e a ambiental se misturam no macrozoneamento da região, que reconhece a importância das questões ambientais para a consolidação de uma metrópole mais justa”, observou a professora.
Elaborado por 170 especialistas de diversas áreas, reunidos pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, o PDDI, que foi entregue em maio ao governo estadual, contém propostas de 28 políticas, desdobradas em programas, projetos e ações destinadas ao desenvolvimento sustentável e integrado da região nas próximas quatro décadas.
Também estão entre as diretrizes do plano, o estabelecimento de uma política integrada de apoio à produção agrícola e segurança alimentar, a integração de espaços, equipamentos e manifestações de cultura e a recuperação de áreas degradadas.
Transdisciplinaridade
O professor Roberto Luís Monte-Mor, coordenador geral do PDDI, explicou que o processo de elaboração do documento gerou aprendizado mútuo entre os pesquisadores, oriundos de diferentes campos do saber. “A predileção pela transdisciplinaridade é aspecto que, de um modo geral, se tornou peculiar à UFMG”, comentou.
Monte-Mor disse ainda que a universidade vem se afirmando como mediadora entre o poder público e a sociedade civil. “A academia tem legitimidade para defender o interesse dos cidadãos na formulação das políticas públicas, contrapondo-se ao posicionamento tecnocrático que costumava prevalecer”, disse.
O pesquisador Marcos Gustavo Pires de Melo reforçou que a universidade não tem interesse somente em “prestar o serviço”, mas quer também “influenciar os rumos de todo o processo”. “Somos embriões de um modelo de conhecimento que não é burocrático e transmitido de cima pra baixo, mas construído coletivamente”, afirmou.