Espetáculo inspirado em coreógrafa negra será apresentado nesta noite
'Caminhos até Mercedes' integra programação de evento sobre descolonização da arte
Primeira negra a atuar profissionalmente no Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e ativista do protagonismo do artista negro na dança no Brasil, a bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista (1921-2014) inspira o espetáculo Caminhos até Mercedes, que será encenado pelo Grupo Emú, do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, às 19h30, na Sala Preta da Escola de Belas Artes, no campus Pampulha da UFMG.
A apresentação faz parte do II Encontro EnegreSer: descolonizando o corpo e a arte, iniciativa dos estudantes do curso de licenciatura em Dança da Escola de Belas Artes. “Quando falamos em descolonizar a arte, significa olhar mais criticamente para o nosso próprio corpo e perceber o que temos dessa colonização, do povo indígena, do povo negro e de outras etnias", explica Júlia Martins, que protagoniza a performance Diria (assista ao vídeo produzido pela TV UFMG).
Para outra estudante, Anne Vaz, não há uma “receita pronta” para promover essa descolonização. Assim, o encontro busca propostas de reparação de uma série de erros históricos. “As perjúrias, desde o período da escravidão até hoje, são muito salientes no inconsciente social. É daí que nascem os preconceitos, o racismo, inclusive” afirma.
Nesta sexta, às 20h, também está prevista a roda de conversa Corpo-território: ocupações estéticas e formação. As atividades são gratuitas e abertas ao público. A programação do EnegreSer segue até sábado, 30, com uma oficina sobre poéticas do corpo negro, restrita a participantes previamente inscritos.