Estudo da UFMG que descobriu novo vírus aparece em lista de destaques da Science
Periódico divulgou os trabalhos mais interessantes publicados em seu portal em 2020; grupo do ICB é liderado por Jônatas Abrahão
A equipe do portal da Science, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, divulgou uma lista com as pesquisas de maior destaque no ano de 2020, que inclui estudo liderado pelo professor Jônatas Santos Abrahão, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
A pesquisa destacada pela Science foi reportada em artigo publicado no repositório científico bioRxiv e relata a descoberta do Yaravirus brasiliensis, vírus cujo nome homenageia Yara, a “mãe das águas” segundo a mitologia tupi-guarani. O grupo liderado pelo professor Abrahão se dedica à investigação de vírus gigantes e, por isso, se surpreendeu com a descoberta desse novo vírus. Diferentemente das outras descobertas feitas pelo grupo, o Yaravírus é pequeno, e, quando sequenciado, constatou-se que nenhum dos seus genes correspondia a qualquer outro encontrado previamente.
O vírus foi descoberto na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Segundo Jônatas Abrahão, novos vírus são descobertos o tempo todo, mas essa descoberta é interessante porque alguns dos genes do Yaravírus se parecem com genes de vírus gigantes. "Ainda não está claro como eles se relacionam”, diz o professor.
A matéria publicada no portal da Science ressalta, ainda, que pesquisas como a liderada pelo professor da UFMG integram uma série de estudos que destacam os benefícios causados pela descoberta e caracterização de novos vírus, uma vez que alguns desses microrganismos são essenciais para a saúde do corpo humano, enquanto outros ajudam na manutenção dos ecossistemas e no processo de reciclagem dos nutrientes nos ambientes.
Samba e Tupanvírus
O professor Jônatas Santos Abrahão integra o Grupo de Estudo e Prospecção de Vírus Gigantes (GEPVIG), responsável pela descoberta de diversos vírus gigantes em ambientes aquáticos extremos. Um dos vírus descobertos pelo grupo foi o Tupanvírus – o nome homenageia Tupã, deus guarani do trovão. A descoberta foi descrita em artigo publicado em 2018, na Nature Communications. A pesquisa que originou a descoberta do Tupanvírus foi explicada pelo professor Abrahão em entrevista concedida à TV UFMG.
Outro vírus gigante descoberto pelo grupo foi o Samba, encontrado nas águas do Rio Negro, na região amazônica. O artigo que descreve o Samba, publicado em 2014 na Virology Journal, também foi tema de matéria no Portal UFMG.
O Grupo de Estudo e Prospecção de Vírus Gigantes, criado em 2011, é pioneiro no isolamento e caracterização desses grandes organismos, e suas pesquisas visam ao desenvolvimento de testes e diagnósticos mais eficazes para doenças por meio da produção de proteínas em microrganismos gigantes.