EBA abriga exposições de manifestos artísticos
Obras propõem reflexões sobre o universo feminino, conjuntura social e papel da memória
Duas exposições de manifesto artístico instaladas em ambientes da Escola de Belas Artes podem ser visitadas até 25 de maio.
No Espaço F, localizado no segundo andar do prédio, encontra-se a exposição Anarco.bricolagem, do Cola Coletivo, grupo formado por Gustavo Mazzeti, graduando de Cinema de Animação e Artes Digitais, e por Pedro Cabral, graduado em Educação Física pela UFMG. Com técnicas de recorte e colagem, as obras estimulam reflexões sobre a atual conjuntura social, representando acontecimentos recentes do cenário político nacional, de forma a argumentar sobre seu caráter surreal e a curta memória da sociedade brasileira.
“O conceito surgiu da nossa inquietação a respeito do uso das imagens e notícias pelos meios de comunicação e pelas apropriações feitas por meio delas. Sob o mote do caráter bizarro da política brasileira, as colagens reconfiguram a realidade apresentada, desenvolvendo-se nos moldes do surrealismo que emana dos fatos e das aparentes descontinuidades da memória coletiva brasileira sobre as noções de moral”, descreve Gustavo Mazzeti.
Os autores refletiram sobre o discurso contido em manchetes, reorganizaram os fatos apresentados e elaboraram novas interpretações do cenário recente nacional e da cultura política. “Nossa intenção foi promover o diálogo por meio do exagero do discurso, mesclando o cotidiano com o aparente esquecimento e despersonalização de nossa história pública”, complementa Gustavo.
Espaço íntimo do corpo
Logo no corredor de entrada do prédio, os visitantes poderão apreciar a exposição O tempo passa, das artistas Isabel Ávila e Theodora, alunas do curso de Artes Visuais. As paredes do corredor dialogam por meio de duas séries narrativas que têm como tema comum a formação do indivíduo pelas transformações decorridas no espaço-tempo. “Trata-se das memórias, de como elas formam os indivíduos e as marcas que deixam”, explica a artista Isabel Ávila.
A primeira série remete a fragmentos das memórias do espaço-casa, que se perdem no tempo, mas ainda marcam e formam seus moradores. A segunda volta-se para o espaço íntimo do corpo, numa síntese metafórica do desenvolvimento da mulher. O ambiente intimista de um lençol acompanhado de cortes e manchas marcam alguns ritos de passagem e dialogam com o desenvolvimento e traumas do universo íntimo feminino. As séries fazem uso de objetos pessoais, mas universalmente femininos, para simbolizar memórias e remontar aos acontecimentos que constroem, desconstroem e reconstroem a personalidade de um sujeito.
As instalações ficam abertas à visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h. A entrada é franca. Para mais informações acesse o site do EBA.