Ainda restritas aos atendimentos de urgência, as atividades clínicas da Faculdade de Odontologia (FAO) da UFMG foram retomadas no mês passado. Durante o segundo semestre de 2020, em razão dos protocolos de distanciamento social adotados devido à pandemia do novo coronavírus, o projeto de extensão Acolhimento e orientação ao usuário da FAO adaptou seu plano de trabalho à nova realidade e criou o acolhimento remoto.

Canais de comunicação (WhatsApp e e-mail) foram abertos para receber as diversas demandas de pacientes nesse período. Aproximadamente 600 pacientes foram acolhidos e orientados remotamente. Com a retomada dos serviços de urgência, esses pacientes começaram a ser atendidos – a prioridade recai sobre as pessoas que já estão em tratamento e apresentam queixas de dor em seus relatos.   

“Para viabilizar o retorno presencial das atividades não adaptáveis ao ensino remoto, o colegiado do curso de graduação em Odontologia e o Núcleo Docente Estruturante trabalharam intensamente de acordo com as diretrizes da Pró-reitoria de Graduação e seguiram o fluxo determinado por elas. Na proposta apresentada à Câmara de Graduação, aprovada pela Congregação da Faculdade, priorizou-se a oferta de disciplinas para os concluintes do curso. Essa proposta tanto cobre uma demanda acadêmica quanto assegura o nosso compromisso ético relacionado ao cuidado com a vida dos envolvidos e à comunidade assistida", afirma o coordenador do Colegiado, professor Ênio Lacerda Vilaça.

Segundo a professora Francisca Daniele Jardilino, coordenadora da disciplina Urgências odontológicas, são atendidas demandas de todas as especialidades, inclusive de pacientes especiais e da odontopediatria. Os serviços são prestados de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, e às quartas-feiras pela manhã, das 8h às 11h, mediante agendamento prévio.

Adaptações na disciplina foram feitas para garantir uma retomada segura. "O número de pessoas que circula na faculdade teve de ser diminuído, pois não pode ocorrer aglomeração. Assim, reduzimos o número de atendimentos diários, que agora se dão mediante agendamento. Também passamos a monitorar sinais e sintomas como a alteração de temperatura corpórea”, ressalta a professora. 

Como as equipes de atendimento precisam respeitar a regra de distanciamento de dois metros, devido à produção de aerossóis gerados em muitos procedimentos odontológicos, a clínica não pode funcionar com sua capacidade total. “Podemos usar apenas quatro unidades odontológicas por clínica. Além disso, foi necessário aumentar o número de professores na disciplina. Eles são responsáveis por orientar e supervisionar cada dupla de alunos, que atende somente um paciente por turno”, explica Francisca Jardilino. 

A professora destaca que a retomada da disciplina Urgências odontológicas é muito importante para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a população em geral, pois supre, pelo menos parcialmente, a demanda de procedimentos odontológicos considerados urgentes e inadiáveis neste período de pandemia. “Essa disciplina servirá como modelo para o retorno das demais. Sua volta segue as diretrizes do Plano de retomada das atividades não adaptáveis ao modo remoto da UFMG, que prioriza concluintes do curso de graduação em Odontologia. Assim, com essa disciplina e com outras que estão sendo oferecidas na modalidade remota emergencial ou híbrida, os alunos do décimo período poderão se formar”, acrescenta Francisca Jardilino.

Também foram retomadas as atividades da disciplina Estágio em saúde coletiva, no formato híbrido (remoto e presencial), em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. A disciplina segue as recomendações do documento Orientação para autorização de estágios curriculares obrigatórios dos cursos de graduação da área da saúde, que contempla aspectos como distribuição dos equipamentos de proteção individual (EPIs), treinamento e monitoramento dos estudantes, professores e servidores técnico-administrativos.

Protocolos de biossegurança
A Comissão de Biossegurança da Faculdade de Odontologia estabeleceu protocolos para atendimento seguro a usuários, alunos, professores e servidores. Estudantes do último período do curso prestam quatro atendimentos ao dia por turno, totalizando 24 por semana.

Estão sendo seguidos protocolos rigorosos de biossegurança, como o uso completo de EPIs (avental descartável, gorro, máscara, óculos de proteção, protetor facial e luvas), separação de ambientes exclusivos para a paramentação e desparamentação e desinfecção completa dos consultórios odontológicos e bancadas – antes e após os atendimentos clínicos.

De acordo com Francisca Jardilino, todos os alunos, professores e técnicos se capacitaram por meio de curso on-line de biossegurança, ministrado antes do reinício da disciplina, e receberam suporte e esclarecimentos em relação às mudanças nas rotinas dos atendimentos. Além dessas medidas de controle de infecção, também são realizados testes PCR e análise de amostras do ambiente.

Atendimentos especiais
Nas manhãs de quartas-feiras, são realizados atendimentos de urgência de crianças com deficiência. Segundo a professora Ana Cristina Borges de Oliveira, coordenadora da disciplina Atenção odontológica para crianças e adolescentes com deficiência, uma cartilha com normas de biossegurança foi elaborada por profissionais de odontologia, professores e gestores de várias partes do país. O texto contempla questões como presença de acompanhante, uso de órtese e cadeira de rodas e técnica de comportamento.

Para que as crianças se familiarizem com a nova realidade da paramentação dos profissionais relacionada ao uso de EPIs, são enviadas fotos da equipe, além de orientações aos pais sobre as novas rotinas. Como em 2020 quase não houve atendimentos, muitas mães entraram em contato pelo aplicativo WhatsApp do projeto, pois têm receio de procurar uma unidade de urgência, por causa da covid-19, e há a dificuldade para conseguir esse tipo de atendimento no serviço público ou privado.

Saiba mais sobre o atendimento odontológico de urgência neste vídeo produzido pela TV UFMG.

Monitoramento da covid-19
Estudo desenvolvido na UFMG está monitorando a covid-19 em professores, alunos e servidores técnico-administrativos que ainda não manifestaram sintomas ou permaneceram assintomáticos e atuam no atendimento odontológico de urgência e em atividades de estágio.

Na prática, o trabalho emprega a técnica da testagem combinada, conhecida como pooling, recomendada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos para a vigilância epidemiológica em indivíduos assintomáticos e o monitoramento da presença de material genético do vírus nas áreas de atendimento odontológico.

O estudo é coordenado pelo professor Ricardo Santiago Gomez, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Odontologia, em conjunto com os professores Renan Pedra e Renato Santana, ambos do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas.

Quem necessitar do atendimento de urgência pode entrar em contato pelo telefone (WhatsApp) [31] 98431-9438 ou pelo e-mail acolhimentofaoufmg@gmail.com. Os contatos do Acolhimento Remoto também estão disponíveis na aba Tratamentos, na página da FAO.