Festival de Inverno tem cinco exposições gratuitas em sua programação
'Respiração', de Shirley Paes Leme, e 'Carta aos escritores do meu ramo', com textos de Maria Gabriela Llansol, poderão ser visitadas no Centro Cultural
Três exposições artísticas inéditas com entrada gratuita para o público serão abertas no Centro Cultural UFMG nesta quinta-feira, 20, às 19h, no âmbito da programação do 55º Festival de Inverno UFMG.
Com trabalhos presentes em importantes coleções no Brasil e no exterior, como o Museu de Arte Moderna e a Pinacoteca de São Paulo, o Instituto Cultural Itaú, o Inhotim, entre outros espaços, a escultora, gravadora, desenhista e professora Shirley Paes Leme, que foi aluna do artista Amílcar de Castro na UFMG na década de 1970, é a autora dos trabalhos expostos em Respiração, mostra montada na Grande Galeria do Centro Cultural UFMG.
“A ideia do trabalho é a noção de alerta e a percepção aguçada do tempo, rememorando pistas, rastros e restos da vida cotidiana. Ao utilizar filtros de ar-condicionado de carros evoca-se a relação estreita com o ar da cidade, o ar que respiramos. Toda a energia vital está na respiração. O controle de tudo, no ser vivo, está na respiração”, reflete Paes Leme.
Assim como a vida, repleta de acasos e caminhos não retilíneos, as obras espelham as possibilidades combinatórias e aleatórias da geometria, sem perder o contato com o cotidiano. Formas que geram fluxo e contenção de fluxo, dispostas em arranjos simétricos, trazem a lembrança do aparelho de ar-condicionado do teto do hospital onde a artista costuma frequentar.
A curadora da exposição, Paula Borghi, observa que Shirley Paes Leme trabalha exaustivamente com o ar e o fogo desde os tempos da graduação. Assim, de forma direta ou indireta é possível notar na trajetória da artista a presença ativa desses dois elementos. “São trabalhos que alertam sobre os perigos do Antropoceno, período em que o impacto humano sobre a Terra é tão intenso que mudou seu tempo geológico, de modo que ela não consegue mais se regenerar. ‘Respiração’ não deixa dúvidas de que, se a humanidade não rever seus hábitos agora, em pouco tempo não será mais possível respirar”, analisa Borghi.
Cartas literárias
A sala Ana Horta do Centro Cultural UFMG abrigará a exposição Carta aos escritores do meu ramo, que reúne cartas, manuscritos e publicações da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008) trocadas com a escritora e professora da UFMG Lucia Castello Branco, que divide a curadoria da mostra com a poeta e arte-educadora Angela Castelo Branco.
As cartas e documentos trocados ao longo de anos de convívio poético e literário abordam questões relativas à escrita, à psicanálise, à educação, aos textos de Llansol e Lucia, em particular, e à vida, em geral, ou ao “vivo”, como Llansol o nomeou.
Marco ancestral
Mestre em Antropologia pela UFMG, com atuação livre na área de etnofotografia, Edgar Kanaykõ Xakriabá assina a exposição Marco ancestral, instalada na Sala Celso Renato de Lima do Centro Cultural UFMG. O artista reúne fotografias que trazem o olhar indígena para a universidade e para os espaços de arte da cidade. As obras se baseiam em registros fotográficos da comunidade do autor e de outros povos, assim como de manifestações do movimento indígena no país. Por suas lentes, a fotografia torna-se uma nova “ferramenta de luta”, possibilitando ao espectador ver com outro olhar aquilo que um povo indígena é.
'Mundos' e 'resistência'
Outras duas exposições gratuitas integram a programação do 55º Festival de Inverno UFMG. No saguão do prédio da Reitoria, no campus Pampulha, Culturas de resistência – Substratos transformadores, com curadoria de Fabrício Fernandino e Mateus Souza, reúne desenhos, pinturas, gravuras, manuscritos, registros audiovisuais, fotolitos, instalações, objetos artesanais, sites interativos, podcasts, fotografias e publicações dos acervos da universidade que evocam a noção de resistência cultural.
Por sua vez, a exposição Mundos indígenas, em cartaz desde dezembro de 2019 no Espaço do Conhecimento UFMG, localizado na Praça da Liberdade, apresenta a história dos povos indígenas a partir da perspectiva de curadoras e curadores indígenas dos povos Yanomami, Ye’kwana, Xakriabá, Tikmῦ’ῦn (Maxakali) e Pataxoop.
Emergências e insurgências
Com o tema Emergências e insurgências: estética, políticas e culturas, a 55ª edição do Festival de Inverno da UFMG será aberta nesta quarta-feira, 19 de julho, às 19h30, no Conservatório UFMG, com participação da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e do pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli.
Após a abertura oficial, o artista pernambucano Amaro Freitas se apresenta em um show solo de jazz moderno. Renomado pianista e compositor, Freitas é influenciado pelos ritmos da cultura nordestina como frevo, baião, maracatu, ciranda e maxixe.
Na parte da tarde, a partir das 14h, Freitas vai ministrar a oficina O piano moderno na rítmica afro-brasileira, em que abordará aspectos de sua produção musical e seu processo criativo e de improvisação, tendo como base a rítmica afro-brasileira.
Serviço
Respiração
Visitação até 13 de agosto de 2023
Grande Galeria do Centro Cultural UFMG
‘Cartas aos escritores do meu ramo’
Visitação até 20 de agosto de 2023
Sala Ana Horta do Centro Cultural UFMG
Marco Ancestral
Visitação até 20 de agosto de 2023
Sala Celso Renato de Lima do Centro Cultural UFMG
Centro Cultural UFMG
Av. Santos Dumont, 174
Centro, Belo Horizonte
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h
Culturas de resistência – Substratos transformadores
Visitação até 27 de novembro de 2023
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 8h às 18h
Saguão da Reitoria da UFMG - campus Pampulha, Belo Horizonte
Mundos indígenas
Visitação até 1º de outubro de 2023
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 10h às 17h. Sábado, das 10h às 21h.
Espaço do Conhecimento UFMG - Praça da Liberdade, Belo Horizonte