Documentário revela bastidores do trabalho de cientistas da UFMG durante a pandemia
'Sem interrupção' foi produzido por formandos do curso de Jornalismo
Há exatos dois anos, numa quarta-feira, 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializava a covid-19 como uma pandemia. Ainda hoje, mesmo com as vacinas disponíveis e com o conhecimento adquirido sobre a infecção, a crise sanitária requer extrema atenção por conta do surgimento de variantes do novo coronavírus, que provocam alta de casos e mortes. Diante desse contexto, um grupo de quatro formandos de jornalismo da UFMG realizou o documentário Sem interrupção como trabalho de conclusão de curso.
O objetivo, segundo os alunos, era fazer um registro de depoimentos e de parte da rotina de pesquisadores e cientistas da UFMG. Muitos especialistas contribuem até hoje para a prevenção e o controle da covid-19. No documentário, a professora Giliane Trindade, do Departamento de Microbiologia do ICB, conta que o laboratório em que atua passou a integrar a rede da UFMG que ajuda no diagnóstico da doença no estado.
O trabalho e as percepções do biólogo e pesquisador Daniel Ferreira Lair, também do ICB, mostram o grau de envolvimento dos cientistas no enfrentamento do coronavírus. “É um vírus de alta transmissão, então todo mundo conhece alguém que foi contaminado, e você acaba conhecendo também pessoas que foram a óbito. O senso de responsabilidade aumenta, e, ao mesmo tempo, você se sente grato por contribuir de alguma forma num momento tão delicado”, reflete.
Para o grupo de estudantes, era importante mostrar no documentário o trabalho exaustivo de profissionais de pesquisa em ciências naturais e medicina. O professor Rodolfo Giunchetti, do Departamento de Morfologia do ICB, testemunhou: “Nossa rotina de trabalho aqui no laboratório era de ao menos 12 horas, de segunda a segunda. Isso se deu pelo menos durante um ano sem interrupção".
Todos os cuidados sanitários foram adotados pelos formandos durante o processo de gravação, conforme explica o formando em jornalismo Leonardo Milagres, responsável pelas filmagens. “A gente deixou as gravações presenciais para o fim do processo, já num momento mais tranquilo da pandemia”, afirma. Além disso, segundo ele, houve a preocupação de não promover aglomerações nos laboratórios durantes as gravações. Todos os envolvidos (realizadores do documentário e entrevistados) utilizaram máscaras.
Paixão pelo audiovisual
Para o formando Cássio Lima, a opção pelo documentário em vídeo, entre outros tantos formatos, como o podcast e o livro, está relacionada à paixão que ele e os três colegas já tinham pelo audiovisual. "A gente já se identificava bastante com o formato documentário em vídeo. Ao longo do curso, foi uma modalidade que trabalhamos em diversas disciplinas. Tivemos várias experiências e vários professores muito ligados à área do cinema e ao audiovisual, que passaram altas dicas e estratégias muito legais para a gente se aperfeiçoar", explica Matheus Ferreira.
Para Arthur Horta, o documentário Sem interrupções é uma forma de entregar para a UFMG parte do que o grupo aprendeu e vivenciou, especialmente num período tão conturbado de finalização de curso em meio a uma pandemia. “Pensamos no documentário como algo a ser visto por outros alunos e como espaço de escuta para professores e profissionais que participaram desse momento", argumenta.
O trabalho foi orientado pelo professor Bruno Leal, do Departamento de Comunicação Social. “O professor Bruno foi essencial para que pudéssemos fazer um trabalho diferenciado de documentário. Ele teve bastante paciência com a gente. Assim como foram incríveis os olhares e as contribuições dos professores que fizeram parte da nossa banca de avaliação", afirma Cássio. "Unimos o útil ao agradável com as nossas experiências e também com tudo o que se passava e ainda se passa no mundo e na universidade e com os pesquisadores na luta contra a covid-19".
Equipe: Naiana Andrade (produção, reportagem e edição de conteúdo) e Marcia Botelho (edição de imagens)