Governo declara situação crítica de escassez hídrica no Rio das Velhas e impõe restrições
Médico sanitarista Apolo Heringer Lisboa, idealizador e fundador do Projeto Manuelzão, analisou as medidas, em entrevista ao programa Conexões
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) declarou situação crítica de escassez hídrica no Rio das Velhas, entre as cidades de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Presidente Juscelino. Com a determinação, foram impostas restrições sobre o uso dos recursos hídricos da bacia. O volume máximo autorizado para retirada de água sofreu uma redução de 20% no volume diário para captações com finalidade de consumo humano, dessedentação animal ou abastecimento público. Para captações com finalidade de irrigação, a redução é de 25%, e para consumo industrial e agroindustrial, 30%. Para demais finalidades, a redução é de 50%, exceto para usos não consuntivos, ou seja, que não envolvem consumo direto da água.
Em caso de não cumprimento dessas restrições, os infratores terão os direitos de uso de recursos hídricos totalmente suspensos até o prazo final da vigência da situação crítica de escassez hídrica, previsto para o dia 1º de novembro. O Rio das Velhas é o maior afluente da bacia do Rio São Francisco em extensão e é responsável pelo abastecimento de mais de 60% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O médico sanitarista e professor Apolo Heringer Lisboa, idealizador e fundador do Projeto Manuelzão da UFMG, falou sobre essa situação, em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta terça-feira, 19. Na conversa com a jornalista Luíza Glória, o professor explicou que a falta de águas não se deve apenas à falta de chuvas: em Minas Gerais, por exemplo, parte do volume de águas do Alto Rio das Velhas e do Alto Paraopeba, tem sido perdido para a mineração.
"Pra minerar em profundidade, [as empresas] bombeiam toda a água subterrânea dos aquíferos para fora. Uma parte dessa água é cedida para a Copasa. Por outro lado, essas águas caem em riachos e vão embora, para o mar, fora do ciclo hidrológico”, explicou