Hipermidiatização da violência doméstica no caso Johnny Depp e Amber Heard
Professora da UFOP analisa a cobertura do processo e a repercussão nas redes sociais
Chegou ao fim o processo judicial envolvendo a atriz Amber Heard e o ator Johnny Depp. Depois de mais de um mês de depoimentos em um tribunal no estado de Virgínia, nos Estados Unidos, o júri decidiu a favor do astro na tarde desta quarta. Foi ele quem moveu o processo de difamação contra Heard por causa de um artigo que ela publicou no jornal Washington Post, em dezembro de 2018. No texto, sem citar o nome do ator, ela afirmou ter sofrido abuso doméstico. Depp e Heard foram casados por 13 meses, entre 2015 e 2016. Foi estipulado que ele deve ser indenizado em 15 milhões de dólares. Depp também foi sentenciado a pagar um valor de dois milhões para a atriz, pois um antigo advogado dele classificou as acusações de Heard como “uma farsa” e os jurados consideraram que, nesse ponto, ela também foi difamada. As redes sociais foram dominadas pelo assunto, com um apoio maciço a Johnny Depp, e o compartilhamento de vários memes. Neles, a atriz é classificada como uma pessoa manipuladora e interesseira que queria subir na carreira destruindo um ícone de Hollywood, colocando Depp na posição de vítima. Antes mesmo do resultado, feministas vinham se posicionando, inclusive aqui no Brasil, defendendo que o apoio majoritário ao homem já era um aspecto negativo para a luta das mulheres e criticando o binarismo das redes sociais. Após o veredito, Depp afirmou que a decisão “devolveu a vida” a ele. Por outro lado, Amber Heard se disse decepcionada, atribuiu o resultado ao poder e influência do ex-marido e afirmou que o resultado representa um retrocesso para mulheres que denunciam abusos. O processo judicial foi alvo de cobertura midiática intensa, com transmissões ao vivo pelo YouTube das sessões, que chegaram a contar com centenas de milhares de espectadores simultâneos.
Para falar dos vários elementos que compõem essa história, das relações de poder, da imagem dessas celebridades, o apoio a cada lado, o machismo e como a mídia retratou o caso, o programa Conexões desta quinta-feira, 2, o programa Conexões conversou com a professora Karina Gomes Barbosa, que é pesquisadora de gênero e mídia e professora do curso de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória: