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ICA é a unidade da UFMG que mais cresceu nos últimos anos, diz reitora Sandra Goulart

Instituição comemorou 55 anos de presença em Montes Claros e inaugurou expansão da moradia universitária

O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a presidente da Fump, Teresa Kurimoto, a reitora Sandra Goulart, o diretor do ICA, Helder dos Anjos, a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Shirley Miranda, e o vice-prefeito de Montes Claros, Guilherme
O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a presidente da Fump,Teresa Kurimoto, a reitora Sandra Goulart, o diretor do ICA, Helder dos Anjos, a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Shirley Miranda, e o vice-prefeito de Montes Claros, Guilherme GuimarãesFoto: Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros

Nos últimos 20 anos, nenhuma unidade da UFMG cresceu tanto quanto o Instituto de Ciências Agrárias (ICA). Ele ganhou novos cursos, desenvolveu sua pós-graduação, incrementou sua pesquisa em sintonia com a realidade do semiárido e construiu uma das mais potentes estruturas de extensão da Universidade. A avaliação é da reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que conduziu, nesta segunda-feira, dia 13, a cerimônia de comemoração dos 55 anos de presença da UFMG em Montes Claros e da expansão da Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos, que ganhou 40 novas vagas e passa a acolher 148 residentes.

A solenidade foi realizada no auditório do bloco C do ICA e reuniu dirigentes da Administração Central da Universidade – na data de hoje a Reitoria foi transferida simbolicamente de Belo Horizonte para Montes Claros –, gestores e ex-gestores da Unidade, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos e autoridades regionais, entre as quais o vice-prefeito da cidade-sede do Instituto, Guilherme Guimarães. “Estive aqui pela primeira vez em 2002, há mais de 20 anos, e hoje constato, emocionada, o crescimento e a diversificação do campus. Sabemos que há muito a ser feito, mas é impressionante como avançamos”, disse a reitora.

Sandra Goulart:
Sandra Goulart: reconfiguração definidoraFoto: Ana Cláudia Mendes | UFMG

Sandra Goulart lembrou que a UFMG assumiu o antigo Colégio Agrícola, que daria origem ao ICA, exatamente no paradigmático ano de 1968, “quando a UFMG estava às voltas com uma reconfiguração de sua estrutura interna, com a reforma universitária, que se revelaria decisiva, definidora do que nós hoje viemos a ser”. Naquela época, surgiram os institutos e faculdades (ICEx, ICB, Fafich, IGC, Fale, EBA e a Faculdade de Educação). “É nesse contexto que a UFMG recebe, em 11 de outubro de 1968, a transferência do colégio agrícola para a Instituição. Eram também fundados os departamentos. Preparávamos o nosso primeiro 'vestibular unificado' para ingresso em todos os cursos. Ao mesmo tempo, inseríamos em nossa agenda o desenvolvimento da pesquisa, da pós-graduação e, um pouco mais tarde, da extensão. Em muitos sentidos, se redesenhava a nossa missão como hoje a concebemos. Assim, podemos dizer que nossa presença em Montes Claros se deu no ano decisivo em que ela se modernizou para atender às demandas de uma universidade sintonizada com o desenvolvimento social e econômico do país”, contextualizou a reitora.

Alessandro Fernandes:
Alessandro Fernandes: trabalho coletivoFoto: Ana Cláudia Mendes | Cedecom UFMG

“Gratidão e integração são as duas palavras que, a meu ver, resumem essa conquista”, disse o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira. Segundo ele, foi uma realização muito difícil, alcançada durante a travessia de uma pandemia e com um orçamento dilapidado. “Isso só foi possível graças ao trabalho coletivo executado no âmbito da UFMG pelas pró-reitorias de Planejamento (Proplan) e Assistência Estudantil (Prae), pela Fump e pelas direções do ICA”, exaltou o vice-reitor.

A cerimônia também foi marcada por homenagens a três servidores que prestaram relevantes serviços ao ICA: o professor Ernane Ronie Martins e os servidores técnico-administrativos em educação César Guimarães e Maria Aparecida Santos.

Consagração de um projeto de vida
O professor Helder dos Anjos Augusto, diretor da Unidade desde o ano passado, disse que o ICA representa a consagração de um projeto de vida de muitos estudantes de todo o país, em especial da região do semiárido. “Percorremos quilômetros e quilômetros no Norte e Nordeste de Minas e até no Sul da Bahia. Conhecemos a realidade de nossa região. Parte de nossos estudantes são de famílias socialmente vulneráveis”, disse Helder.

Para superar essa dificuldade estrutural, os estudantes da UFMG em Montes Claros contam com a assistência estudantil, cujo carro-chefe, segundo Helder dos Anjos, é a Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos. “Moradia é uma das grandes barreiras ao acesso de estudantes pobres. A existência dela garante permanência e contribui para a redução de desigualdades e a equalização de oportunidades”, salientou o diretor.

Helder dos Anjos:
Helder dos Anjos: permanência e redução de desigualdadesFoto: Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros

O bloco inaugurado hoje tem dois andares, que abrigam cinco apartamentos com sete quartos, um apartamento com seis quartos e um quarto adaptado de acordo com os critérios de acessibilidade. Cada apartamento tem quartos individuais, sala, cozinha, área de serviço e dois sanitários. O prédio também é equipado com sistemas de energia fotovoltaica e aquecimento de água. A expansão, coordenada pela Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Prae) e pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), custou cerca de R$ 6 milhões.

Legado de um 'amanuense'
A Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos homenageia o escritor mineiro, nascido em Montes Claros, autor de clássicos como O amanuense Belmiro. Cyro, ex-estudante e ex-professor da UFMG, foi vice-presidente da primeira mesa diretora da Caixa do Estudante Pobre, instituição organizada em 1930 com a finalidade de angariar fundos para assistência aos estudantes da UFMG com dificuldades socioeconômicas. “Ele foi uma fonte de inspiração de nossa política de assistência”, afirmou a reitora Sandra Goulart.

Os estudantes que se mudaram há pouco mais de um mês para o novo bloco da moradia são, em certa medida, beneficiários do legado do escritor montes-clarense. Um deles é Matheus Lopes do Nascimento, 19 anos, que cursa o segundo semestre de Agronomia. Nascido em Jaíba, há cerca de 200 quilômetros de Montes Claros, o jovem, que morava em um condomínio nas imediações do campus, vê a nova casa também como símbolo de “um novo ciclo de oportunidades e perspectivas de futuro”. Em sua cidade natal, Matheus trabalhava na área de irrigação de uma empresa produtora de uvas. Escolheu a UFMG por ser uma “instituição renomada” e também por inspiração de um antigo chefe, formado no ICA, cuja competência profissional admira.

A maioria dos jovens residentes da moradia é da região do Norte de Minas, mas o prestígio do ensino do ICA começa a atrair estudantes de outros lugares. “É a melhor federal do país”, sintetiza a paulistana Paula Caldeira da Silva Ferreira, 20 anos, estudante do segundo período do curso de Administração. Instalada na nova moradia há um mês, ela diz que sua vida já mudou. Antes, Paula morava em uma pensão e depois dividiu apartamento com desconhecidos. “Aqui as condições são muitos melhores. Temos uma casa equipada com máquina de lavar, micro-ondas e outros recursos. E a convivência é muito melhor”, afirma a estudante.

O estudante Mateus conversa com o pró-reitor de Admnistração, Ivan, a reitora Sandra Goulart e a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Shirley Miranda
O estudante Mateus do Nascimento (ao fundo) conversa com o pró-reitor de Administração, Ivan José da Silva Lopes, a reitora Sandra Goulart e a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Shirley Miranda Foro: Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros

História
A origem do campus Montes Claros remonta a 11 de outubro de 1964, quando o Ministério da Agricultura criou o Colégio Agrícola “Antônio Versiani Athayde”. Inaugurada em 2 de julho de 1966, a instituição com sede em Montes Claros oferecia formação profissional de segundo grau aos trabalhadores da agricultura. Em 1968, a escola foi incorporada à UFMG, data considerada como marco da presença da Universidade na região.

Atualmente, o ICA oferece cursos de graduação em Administração, Agronomia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal e Zootecnia. Juntos, os cursos somam 242 vagas anuais. O campus da UFMG no Norte de Minas também oferece mestrado em Produção Animal, em Produção Vegetal, em Sociedade, Ambiente e Território (em parceria com a Unimontes) e em Alimentos e Saúde. A instituição mantém ainda especialização em Recursos Hídricos e Ambientais e Doutorado em Produção Vegetal.

Mais de 1,3 mil alunos estão matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação da UFMG em Montes Claros.

Flávio de Almeida