Ensino

Impacto do ensino remoto sobre a rotina familiar será avaliado por pesquisa internacional

Pesquisadoras da Faculdade de Medicina coordenam o estudo no Brasil; voluntários devem responder a questionário on-line

Pesquisa vai avaliar mudança da rotina familiar com o homeschooling
Pesquisa vai avaliar mudança da rotina familiar com o 'homeschooling'Teresa Sanches/UFMG

Com o isolamento social imposto como medida preventiva à disseminação do novo coronavírus, a maioria dos estudantes, matriculados em escolas e universidades do mundo inteiro, estão temporariamente sem aulas presenciais. As tecnologias da informação e a internet têm sido cada vez mais utilizadas pelas instituições para suprir essa ausência nas salas de aulas. Mas como esse novo modo de ensinar e aprender, denominado homeschooling, influencia também a rotina das famílias dos estudantes?

Pesquisa on-line, coordenada pelo Instituto Karolinska, da Suécia, está sendo desenvolvida em diversos países – Alemanha, Bélgica, China, Espanha, Holanda, Inglaterra e a própria Suécia, entre outros – e coleta impressões dos responsáveis e tutores dos estudantes. No Brasil, o estudo é coordenado pela professora Débora Marques de Miranda, da Faculdade de Medicina da UFMG, com participação da psicóloga e doutoranda Lorrayne Soares, do Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular.

Segundo Lorrayne, apesar de a pesquisa se restringir à população com acesso à internet, os pesquisadores esperam levantar informações que possam contribuir para subsidiar políticas governamentais de apoio a todas as famílias dos estudantes brasileiros. “A expectativa é obter dados que identifiquem as desigualdades digitais, mesmo entre aqueles que têm acesso à internet, e comparar as experiências de homeschooling que possam ser aproveitadas em nosso país”, acrescenta a pesquisadora.

Desigualdades digitais
Perguntas sobre a qualidade do acesso à internet, o número de computadores disponíveis e o impacto da pandemia sobre a ocupação dos pais ou responsáveis, entre outras, compõem o formulário.

Dados do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) revelam que, ainda em março, mais de 80% das secretarias estaduais e municipais de educação já haviam se manifestado sobre a suspensão das aulas presencias como medida de prevenção à disseminação do contágio pelo coronavírus. Entretanto, observa Lorrayne Santos, "a grande maioria das instituições de ensino ainda não tinha um planejamento bem desenhado de como continuar oferecendo acesso ao ensino para seus alunos".

No caso das redes municipais, por exemplo, logo após a suspensão das aulas presenciais, 40% delas não utilizavam recursos tecnológicos para manter contato com seus alunos. Com relação às estaduais, 65% delas apoiaram-se em algum ambiente virtual. Em Minas Gerais, o ensino remoto é ofertado pela rede estadual desde o dia 17 de maio. Todas as escolas brasileiras ainda estão fechadas.

“Conhecer a realidade das famílias e como elas estão lidando com essa nova dinâmica será muito importante para pensarmos formas mais efetivas para fazer essa adaptação”, reforça Lorrayne Soares.   

Teresa Sanches