Dos quase sete milhões de inscritos no último Enem, apenas 303 são pessoas transexuais ou travestis que optaram pelo uso do nome social. Esse dado não demonstra, com exatidão, quantos transexuais prestaram o exame, mas já consegue dar uma noção de que foram poucos.

Nesta segunda-feira, 29, Dia Nacional Da Visibilidade Trans, o programa Expresso 104,5, da Rádio UFMG Educativa, abordou, em entrevista, os desafios para o acesso de transexuais e travestis aos cursos de graduação no país.

O apresentador Filipe Sartoreto conversou com a estudante Sofia Masra, ex-aluna do curso de biblioteconomia da UFMG, que atualmente tenta o ingresso no curso de música. Durante a entrevista, ela explicou que a dificuldade de acesso das pessoas trans aos cursos de graduação começa bem antes, na falta de condições de permanência no ensino básico.

“A população trans tem um índice enorme de evasão escolar, [as pessoas trans] muitas vezes são expulsas de casa e não têm como concluir seus estudos. Por conta disso, têm um acesso reduzido ao ensino superior”, contextualizou.

As duas principais causas dessa evasão, segundo Sofia Masra, são o desrespeito à identidade enfrentado nas escolas e a não aceitação pela família.

“[As pessoas trans] são desrespeitadas pelos professores, diretores, colegas, e acabam abandonando por conta própria, por não querer sofrer com tanto preconceito e passar por constrangimento diariamente. Uma questão mais grave é a não aceitação pela família, que leva à expulsão de casa, o que deixa a pessoa impossibilitada de completar os estudos, mesmo querendo”, afirmou.

Entre as iniciativas que têm o objetivo de democratizar o acesso ao ensino superior no país estão o Transenem e o Transvest, cursinhos preparatórios para o Enem destinados a pessoas travestis e transexuais.