Liderança Yanomami fala sobre ataque de garimpeiros que deixou menina morta e 25 desaparecidos
Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana conversou sobre a situação em Roraima com o programa Conexões
Uma grande mobilização nas redes sociais com as hashtags SOS Yanomami e Cadê os Yanomami colocou em pauta graves denúncias no território Aracaçá pertencente a esse povo, na região de Waikás, no estado de Roraima. No último dia 25, segunda-feira, uma menina de 12 anos teria sido violentada sexualmente por garimpeiros e morta. Uma tia da criança tentou conter os agressores, porém eles a impediram e jogaram o filho dela no rio. O menino segue desaparecido. As denúncias foram feitas na terça da semana passada, 26 de abril, pelo presidente do Condisi-YY, Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana, Júnior Hekurari Yanomami. Mas o assunto somente ganhou maiores proporções na internet nesta terça-feira, com novas denúncias de um incêndio, deixando vinte e cinco pessoas desaparecidas na comunidade onde viviam cerca de trinta. Lideranças indígenas, artistas, políticos e entidades participam da mobilização virtual e cobram posicionamentos do governo federal, das autoridades, de veículos de mídia e de outros internautas. Uma comitiva com membros da Polícia Federal, Ministério Público e Funai foi até a comunidade onde a menina foi morta, mas informou não ter encontrado indícios de crime. O caso segue em investigação. Segundo o relatório Yanomami sob Ataque, da Hutukara Associação Yanomami, casos de violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres da etnia já foram registrados em outras regiões. Ainda de acordo com o documento, a região de Waikás é a mais impactada pelo garimpo ilegal nas terras do povo, concentrando quase metade da área devastada. A degradação da região em 2021 teve um aumento de 25% em relação a 2020. Os ataques de garimpeiros a indígenas são frequentes e trazem à tona o debate sobre a presença desses grupos em terras de povos originários e a urgência da defesa desses povos.
Para falar sobre todo esse contexto, o que sabemos até o momento e quais as reivindicações dos Yanomami, o programa Conexões conversou com o presidente do Condisi-YY, Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana, Júnior Hekurari Yanomami.
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória.
Para acompanhar os desdobramentos dessa denúncia, siga lideranças indígenas nas redes sociais, pois é uma maneira de se conhecer a realidade dentro dos territórios. Deixamos aqui a dica de dois perfis no Twitter, onde são mais atuantes: o do Júnior Hekurari Yanomami, @JYanomami, e o do vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, @Dario_Kopenawa. Além desses perfis, você pode também acompanhar relatórios sobre o garimpo ilegal em terras Yanomamis, no site hutukara.org.