Livro de Felipe Nunes, do DCP, está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti
Jornalistas com passagem pelo Centro de Comunicação da UFMG também concorrem com obra sobre os dez anos da Lei de Cotas
O professor Felipe Nunes dos Santos, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), e o jornalista especializado em política Thomas Traumann são semifinalistas do Prêmio Jabuti 2024 na categoria Biografia e reportagem, com o livro Biografia do abismo: como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil (HarperCollins). Na obra, eles defendem que a polarização político-ideológica que o Brasil começou a experimentar mais fortemente após a eleição presidencial de 2018 não se encerrou com a eleição de Lula em 2022 – ao contrário, ela está se “calcificando”.
Felipe e Thomas Traumann afirmam que essa polarização pouco tem a ver, de fato, com plataformas econômicas ou propostas sociais. Na prática, ela se ancora no âmbito moral e em seus atravessamentos afetivos, de modo semelhante ao que ocorre na relação estabelecida pelos torcedores com o universo do futebol.
“O Brasil da polarização extrema se aproximou do abismo de um conflito sem volta nos atos antidemocráticos de janeiro de 2023”, afirmam os autores, lembrando a tentativa de golpe ocorrida na ocasião. “A existência desse abismo pode levar à conclusão de que uma reconciliação nacional é impossível, mas também pode ser o grande desafio a ser enfrentado e superado”, defendem.
'Vidas inteiras'
Outra obra de raízes mineiras presente na lista do Jabuti é Vidas inteiras: histórias dos 10 anos da Lei de Cotas, semifinalista da categoria Educação. Publicado pela Crivo Editorial, editora independente de Belo Horizonte, o livro é de autoria de Gabriel Araújo, Márcia Maria Cruz, Vinicius Luiz, três jornalistas fortemente ligados à UFMG. Formados pela Universidade, Gabriel e Vinicius trabalharam por vários anos no Centro de Comunicação (Cedecom) da Universidade, ao longo das últimas duas décadas, em períodos intercalados, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, pelas Redes Sociais e pela área de Assessoria de Imprensa, entre outras. Márcia Cruz, por sua vez, é mestre em Comunicação Social e doutora em Ciência Política pelos programas de pós-graduação da Universidade.
“Apesar de partilharem entre si um conhecimento que remonta ao continente africano e às práticas afro-brasileiras que aqui foram reinventadas, o direito ao ingresso numa instituição formal de ensino também foi, durante muito tempo, negado às pessoas negras”, lembram os autores na abertura do livro. “Sem a oferta de um ensino público e de qualidade que pudesse corrigir a desigualdade entre negros e brancos no país, as décadas que se seguiram à abolição da escravidão foram marcadas pela deliberada construção de um abismo social, cultural e econômico entre as diferentes cores que compõem a diversidade brasileira”, demarcam.
O livro está dividido em dez capítulos. O primeiro trata do início da Lei de Cotas no Brasil. O segundo fala da “experiência pioneira da universidade idealizada por Darcy Ribeiro”. O terceiro discute os primeiros passos das cotas no Rio de Janeiro. O quarto aborda como essa “revolução” alcançou a Bahia. O quinto foca o caso do Pará. O sexto focaliza a USP, a maior universidade brasileira. No sétimo, os autores debatem “o empretecimento da maior universidade de Minas Gerais”, a UFMG. No oitavo, tratam de duas histórias das cotas no Sul do país. No nono, mergulham no controverso tema da heteroidentificação. No décimo, discutem o futuro das ações afirmativas.
A obra conta ainda com um epílogo, em que é debatida a recente votação, na Câmara dos Deputados, da revisão da Lei de Cotas.
Sobre o Jabuti
Criado em 1959 e concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil. Os dez finalistas de cada categoria desta 66ª edição foram divulgados na última quinta-feira, dia 24. Os cinco finalistas de cada categoria serão revelados na próxima terça-feira, 5 de novembro, e os vencedores, anunciados no dia 19.
Anualmente, podem se inscrever para concorrer ao Jabuti livros inéditos, publicados com ISBN e ficha catalográfica, seja por editoras comerciais, seja por editoras independentes ou mesmo em autopublicação. O Jabuti de cada ano escolhe o melhor livro de cada categoria publicado no ano anterior.
Em 2024, ocorreu a primeira edição do Jabuti Acadêmico, focada na produção científica e universitária. Nove professores da UFMG foram finalistas da edição, e dois deles venceram em suas categorias. Carlos Antônio Leite Brandão, da Escola de Arquitetura, na categoria Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional com o livro Genealogia da cidade, publicado pela Editora UFMG. Fernanda Vieira Amorim da Costa, da Escola de Veterinária, venceu na categoria Medicina Veterinária, Zootecnia e Recursos Pesqueiros, com o livro Manual de clínica médica felina, publicado pela Editora Manole, tendo como coautora Christine Martin, da Universidade de Brasília (UnB).
Livro: Biografia do abismo: como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil
Editora: HarperCollins
Autores: Felipe Nunes e Thomas Traumann
240 páginas / R$ 59,90
Livro: Vidas inteiras: história dos 10 anos da Lei de Cotas
Autores: Gabriel Araújo, Vinicius Luiz e Márcia Cruz
Editora: Crivo
148 páginas | R$ 48,00