Maioria dos brasileiros é a favor da abordagem de igualdade de gênero e educação sexual na escola
Pesquisa revela que mais de 90% da população concorda que crianças devem aprender sobre educação sexual e combate a violência contra a mulher
Um levantamento inédito revelou apoio da maioria dos brasileiros à abordagem de temas relacionados à desigualdade de gênero e à educação sexual nas escolas. A pesquisa nacional “Educação, valores e direitos” mostrou que 96% dos entrevistados concordaram que as crianças devem receber informações sobre leis que punem a violência contra a mulher. 91% afirmaram acreditar que a educação sexual ajuda a criança e o adolescente a se prevenirem contra o abuso sexual, enquanto 93% concordaram que as escolas precisam ensinar meninos a dividirem com meninas e mulheres as tarefas de casa. O levantamento coordenado pelas organizações da sociedade civil Ação Educativa e Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), foi realizado pelo Centro de Estudos em Opinião Pública da Unicamp e o Instituto Datafolha, entrevistando mais de 2 mil pessoas em todo o país. Esses resultados vêm à tona em um contexto de muita discussão sobre educação sexual, em que grupos ultraconservadores tentam censurar a abordagem do tema no ambiente escolar, cerceando a liberdade do professor de ensinar e do aluno de aprender. Existem leis e projetos de lei que tentam tornar legais essas restrições em diversos municípios brasileiros. Em 2020, uma série de julgamentos do Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucionais legislações desse tipo, por ferirem diversos preceitos legais e a nossa Constituição.
O programa Conexões conversou com a pesquisadora Denise Carreira, diretora da Ação Educativa, mestre e doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e uma das coordenadoras do estudo, sobre os resultados da pesquisa “Educação, valores e direitos” e a abordagem de temas relacionados à desigualdade de gênero e educação sexual nas escolas. Denise explicou a metodologia da pesquisa, analisou os resultados e destacou ações que devem ser feitas para ampliar o debate e de fato levar para escola reflexões sobre temas ligados à desigualdade de gênero e promover a educação sexual nas instituições de ensino. Para saber mais sobre o estudo, acesse o site da ONG Ação Educativa.
A pesquisadora afirmou que recebeu os dados do estudo com esperança, já que, nos últimos anos, grupos ultra conservadores tentaram impedir o debate sobre esses temas nas escolas e levaram a crer que a população tinha embarcado nesse discurso. Porém, "a pesquisa revela que, não, que a maior parte da população tem muito nítida a importância da discussão de gênero raça e sexualidade nas escolas. E isso abre a possibilidade de reforçar a nossa demanda, inclusive no processo eleitoral, de que sejam retomadas essas políticas públicas que sofreram muito nos últimos anos em função da atuação desses grupos ultraconservadores", avalia. "A pesquisa revela ainda que a maioria da população acredite, inclusive, que a escola está mais bem preparada que a própria família para abordar esses temas".
Ouça a conversa com a apresentadora Luíza Glória: