Microbiologista do ICB reforça importância de desinfecção de superfícies para evitar covid-19
Viviane Alves, professora do Departamento de Microbiologia da UFMG, afirmou que, apesar de baixo, o risco de infecção por objetos e superfícies existe
Um artigo publicado pela revista científica Nature, no fim do mês passado, trouxe um importante questionamento: se a transmissão da covid-19 raramente se dá pelas superfícies, por que nós ainda estamos tão focados nesse aspecto da limpeza? No início da pandemia, houve muitas orientações nesse sentido, e foi grande também a correria em busca de itens de desinfecção, como álcool 70% e outros tipos de desinfetantes de superfícies.
Hoje todos os estudos e investigações já demonstraram que a maioria das transmissões da covid-19 se dá pelo contato com pessoas infectadas, e ocorrem por meio de pequenas partículas, os aerossóis, que pessoas infectadas expelem quando tossem, falam ou respiram. Por isso, as principais recomendações para evitar o contágio ainda são o uso correto da máscara e o distanciamento mínimo de dois metros de outras pessoas, além, é claro, da frequente higienização das mãos.
Ainda assim, apesar de o risco de transmissão por superfícies ser baixo, ele existe, e, por isso, especialistas na área da microbiologia alertam que, até que haja cobertura vacinal da população, é importante manter certos hábitos, como a higienização de superfícies e produtos que vêm de fora de casa, como as compras de supermercado.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, a microbiologista Viviane Alves, professora do Departamento de Microbiologia do ICB e coordenadora do projeto de extensão MicroBios, reforçou a importância de manter esses cuidados, porque "se o risco existe, a gente deve se preocupar com ele."
"Obviamente a aglomeração, o contato frequente entre pessoas, é um risco muito maior, mas isso não exclui a possibilidade de transmissão por objetos e superfícies. É importante que as pessoas lembrem que, se há risco, a gente não pode desconsiderar essa possibilidade", explicou.
Viviane Alves destacou que ainda não devemos desleixar e que é preciso manter esses cuidados, até que haja cobertura vacinal suficiente no país. "É melhor pecar pelo excesso de cuidado do que pela falta de cuidado", defendeu.
O projeto de extensão MicroBios, coordenado pela professora Viviane Alves, busca aproximar as pessoas do vasto mundo microbiano, com linguagem simples e inclusiva. Na pandemia, eles têm ajudado a fornecer informações confiáveis sobre o Sars-Cov-2 e a covid-19.