Morre Luciano Amédée Péret, ex-diretor das escolas de Belas Artes e Arquitetura
Um dos fundadores do Iepha-MG, o professor notabilizou-se como defensor do patrimônio cultural de Minas Gerais
Morreu nesta sexta-feira, 1° de março, o professor Luciano Amédée Péret, uma das maiores autoridades em patrimônio cultural de Minas Gerais. Amédée Péret, que tinha 96 anos, estava hospitalizado havia três semanas em decorrência de complicações de saúde típicas da idade. O corpo do professor será velado neste sábado, dia 2, no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, das 9h30 às 13h, e sepultado em seguida.
Nascido na capital mineira, o professor era formado pela UFMG – em Arquitetura, em 1950, e Urbanismo, em 1952. Caso raro na Universidade, Luciano Amédée Péret dirigiu duas unidades, a Escola de Belas Artes, da qual foi um dos fundadores, e a Escola de Arquitetura, de 1986 a1990. Na última, foi o primeiro diretor eleito pela comunidade após a redemocratização do país – até então, os gestores de unidades eram indicados.
“Luciano tinha uma mineiridade muito latente e pertencia a uma tradição da Escola que conhecia muito bem o barroco mineiro”, avalia o professor Flávio Carsalade, que foi vice-diretor da Escola de Arquitetura na gestão de Péret. No entanto, esse conhecimento do passado não o impedia de olhar para o futuro. “Ele usava esse conhecimento para inovar e mudar a sociedade”, reflete Carsalade, que atualmente dirige a Editora UFMG.
O diretor da Escola de Arquitetura, Maurício Campomori, foi aluno de Amédée Péret na disciplina Arquitetura brasileira e guarda a lembrança do professor como um homem “muito dinâmico” e profundo conhecedor da história do barroco e da arquitetura colonial brasileira. “Ele gostava de levar suas turmas para visitar Ouro Preto e dava muita canseira nos alunos, porque os obrigava a subir e a descer as ladeiras da cidade durante suas explanações. Nessa época, ele já não era jovem, mas demonstrava enorme disposição. A gente penava para acompanhá-lo”, diverte-se Campomori, que cita, entre as principais contribuições de Luciano Péret para a Escola de Arquitetura, a elaboração do projeto de expansão da Unidade, um bloco de quatro andares localizado de frente para a Rua Cláudio Manoel, na Savassi. Péret também é autor do projeto arquitetônico do antigo Palácio dos Despachos, onde hoje funciona a Casa Fiat de Cultura.
Como representante estudantil, Campomori também conviveu com Luciano Péret no Conselho Universitário. O professor, que era o decano do órgão na época, chegou a substituir os então reitor e vice-reitor (Cid Veloso e Carlo Fattini) na direção da UFMG por curtos períodos.
Patrimônio
A atuação de Luciano Péret também teve grande projeção fora da UFMG. Ele foi um dos pioneiros do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), do qual foi diretor executivo de 1971 a 1979 e presidente de 1979 a 1983.
Em nota de pesar publicada em seu site, o Iepha destacou alguns trabalhos desenvolvidos pelo professor, como o restauro da Casa de Ópera Teatro de Sabará, no fim dos anos 1960, que preservou suas características originais, o tombamento do Palácio da Liberdade e a obra de requalificação do adro do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matozinhos, em Congonhas. Ainda segundo o Iepha, o arquiteto coordenou as principais obras de restauração realizadas em Minas Gerais nos anos 1970 e 1980.
O professor Luciano Péret foi casado com Vera de Castro Amédée Péret (falecida em 2019) e teve oito filhos: Luciano, Rodrigo, Adrienne (falecida), Luiz Ricardo, Jacqueline, Adriana, Alessandra e Renata. Luciano Amédée Péret Filho, o primogênito, é professor aposentado do Departamento de Pediatria e atualmente coordena o Centro de Memória da Faculdade de Medicina da UFMG.