Morte da adolescente Eloá completa 10 anos nesta semana
Programa Conexões abordou, em entrevista, a repercussão midiática e a atuação de jornalistas durante o caso
Há dez anos, o Brasil acompanhava o mais longo sequestro em cárcere privado já registrado em São Paulo. Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, foi feita refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, em seu próprio apartamento, por quatro dias.
O agressor invadiu a residência da adolescente afirmando estar inconformado pelo fim do relacionamento. O desfecho foi o mais trágico: Eloá morreu atingida por dois tiros, um na cabeça e outro na virilha, durante a entrada da Polícia Militar no local.
Durante todo o episódio, foi notável a forma como a mídia televisiva interferiu no sequestro e atrapalhou, inclusive, as negociações da polícia. Telejornais e programas de TV de diversas emissoras se ocuparam em fazer uma cobertura em tempo real do acontecimento. Um episódio que até hoje inquieta a todos foi a entrevista ao vivo que a jornalista Sonia Abrão fez com Lindemberg e Eloá por telefone.
A jornalista Vanessa Fogaça Prateano, fundadora do Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta, que também pesquisa criminologia feminista e midiática, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), falou sobre a repercussão do caso Eloá por meio de mídias televisivas, em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta sexta-feira, 19.
O documentário Quem matou Eloá?, de Lívia Perez, traz uma revisão crítica sobre a espetacularização do caso e analisa a postura dos jornalistas e emissoras que se envolveram com a transmissão do crime. O filme, que ganhou diversos prêmios, está disponível no Youtube: